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É sempre em mim a púrpura,
Do vinho que quisera ter tomado,
da vida que pudera ter vivido.
Divagam em mim ébrios
Da grande paixão não concedida.
A face inglória de um anjo amorfo
bebe do instante
Em que exalei vida,
não arte.
Se a dor antiga
Tem a prerrogativa
De a cada golpe
Se recompor, se imitar,
Há ainda aberto ao meu furor
O eco renascido de minha mágoa.
Mas se amar vem do ensaio
Vem do sal,
Resta a mim
A face em branco,
e o árduo ofício de esculpir
as dunas.
(Fernando Campanella)
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