Seja bem-vindo. Hoje é

sexta-feira, 30 de abril de 2010

DESTINAÇÃO EM DÓ MAIS OU MENOS



E assim morre, um dia, outro dia, a face da lembrança.
Fantasia, desliza o presente para o limbo, jamais.
Estreita recordação sepulta o paraíso.
Herói, santo, feto, fato.
Flamboyant, vinil e couro, um murro no além.
Com os pedaços dos sonhos se criam sonos, sombras
e pérfidas interrogações


Jacob Pinheiro Goldberg
Do livro: "Ritual de Clivagem", Massao Ohno Editora, 1989, SP

Muito obrigada meu anjinho!


Ao meu querido amiguinho Gui, só posso dizer o quanto fiquei emocionada ao ver o lindo desses versos, sem palavras,sua mamãe é demais... Que lindo!!!
Muito obrigada do fundo de meu coração.
Um grande beijo da tia Madá.

Muito obrigada amiga Juli Ribeiro, obrigada pela lembrança de meu niver!
Sou mais que criança, apesar de já se passarem mais de 6 décadas, tenho que mostrar os presentinhos que recebo.
Com muito carinho, Beijos.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Meus agradecimentos...


Agradeço a amiga Regina Helena a lembrança pela passagem do dia de meu nascimento.
Fiquei surpresa e muito sensibilizada pelo lindo trabalho que ela me dedicou.
Não tenho palavras para agradecer, somente pedir a Deus que esteja sempre com ela, e compartilhar com os amigos as coisas mais belas de minha vida, que tão bem colocou nesse carinhoso livro.
Muito obrigada, obrigada cunhada de coração!
Maria Madalena
28/04/2010

domingo, 25 de abril de 2010

‘Cantiga’

(Foto by Fernando Campanella)

Te contaram que Maria era bela?
Afunda nela, afunda nela.

Te disseram que a vida era dom?
Que bom! Mas agora sente:
Nada de graça
A graça da vida consente.

Que dó!
- A vida dói, dói, João Jiló.

(F.Campanella)

sábado, 24 de abril de 2010

Penumbra do Luar


Noite de lua e noveiro, argente
Difunde-se o luar pela folhagem...
Com a mesma languidez vaga e dormente
Da chuva, quando cai sobre a ramagem...

Como a música ao longe e som dolente
Recorda todo esse abandono... E a aragem
Que passa, agita o olor suave e florente
Vindo das messes, da vernal paisagem...

E o luar cresce através de ermo arvoredo,
Noite chuvosa e triste a Lua ateia...
Fluida névoa de luz... Sonho... Segredo...

Ao ressurgir das coisas na saudade
Que o silêncio evocou... E à luz ondeia
Erra na morta e fria claridade...


Ernani Rosas
(Desterro-SC- 1886-1954)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

E-Book homenagem a Mario Quintana

PEREGRINAÇÃO


Ai de mim
entre esses peregrinos mortos,
os que olharemos para o passado
com melancólico remorso.

Tentaremos dizer alguma coisa,
mas já não saberemos dizer nada...
Até que, então, tenhamos aprendido
a fazer tudo o que não dá mais
para fazer nesta jornada.

E nos arrependeremos
de não ter suportado as feridas
que os espinhos da vida causam
como justo preço cobrado de quem
colhe uma rosa.

Ai de mim
entre esses tristes cavaleiros
que temos feito do sonho alheio
um campo santo para guerrear.

Ai de mim, ai de nós
que não poderemos mais
voltar...

Julis Calderón

SE PERGUNTAREM POR MIM


digam
-que as raízes de meus ventos dispersaram tantas quimeras
mas que os vendavais de meus dias não perderam ainda suas cores
-que o sol, o mar e as areias da praia fluem
em mim como os acordes de Debussy num fim de tarde
-que todos os azuis e os verdes, às vezes, me habitam
-que, às vezes, sou uma pobre noite sem estrelas puras
-que meus sonhos de tão vagos não encontraram
janelas e nem portas
-que minhas semeaduras se deixam queimar magras,
bem antes que o sol se ponha
-que na musica de tantos dias e noites encontrei
violinos desafinados
-mas que
na chuva, de tão cinza ao cair
descobri nela
toda uma gama de coloração
de vida
rasgando estradas novas em esperança.


Se perguntarem por mim. . .



Alvina Nunes Tzovenos
In: Palavras ao Tempo

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Mergulho


O teu olhar denso
refestela-me em despertar
sonhos bordados com teias,
sem sedas

Vôo nas asas previsíveis
da última saudade,
onde ouso pousar
a alma descalça
em terrenos alheios
mergulhada entre o silêncio e a luz

Teus sons vagueiam rasteiros
com ruídos potentes
fraudando metáforas,
florescendo sem subtrações,
na saudade e ausência


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 04/04/10
Código do Texto: T2177402

Despertar


Esse tempo não é meu
mas me prende em suas rédeas,
condiciona minha alegria
no encontro do teu ser

Sou linha que delimita a vida
silenciosa nas arestas do tempo
entre canções breves,
da alma e do desejo

Completo a ausência de tudo,
amando a dúvida que sucede
à verdade disfarçada
proclamando o que convém

Sou o canto sereno
que mensuro, encaixo,
no eterno abraço dos sonhos,
onde as cores se enlaçam
em silêncios cortantes
do meu doce despertar



Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 07/04/10
Código do Texto: T2182052

domingo, 11 de abril de 2010

O SANGUE DAS HORAS


Queixei-me de não ter pão
e a noite me disse não.
Mostrei-lhe a varanda nua
e a Noite me trouxe a lua. . .
Você tem sede, não é?
E a Noite me deu café.


São verdes como a esperança
as horas em que sou triste:
bem que existe não se alcança,
só cansa;
procuro o que não existe.


Se a duvida me procura,
pondo a cerração do tédio
em minha existência obscura,
bebo a esperança, remédio
para as feridas sem cura. . .


Que dúbio alvor de camélia
anda lá fora a flutuar?
É a Noite que, de tão velha,
tão velha,
criou cabelos de luar. . .


A insônia do meu relógio
durante a noite passada
crivou-me o corpo, já enfermo,
de punhaladas sonoras. . .
Meus olhos são duas feridas
por onde
escorre o sangue das horas.


Entre o passado e o porvir
aqueles peixes de prata
não me deixaram dormir.
Tomei café sem parar.
Bebi treva em goles mudos. . .
Criei cabelos de luar.


Cassiano Ricardo
In: Antologia Poética

terça-feira, 6 de abril de 2010

SONHO


II

Da tua branca e solitária ermida
Por caminhos de céu que a lua esmalta-
Desces –banhada dessa luz cobalta-
O linho d’asa abrindo sobre a vida.

Nada,teu passo calmo,sobre-salta
E quando a mágoa as almas intimida
Das ilusões,a turba renascida,
Em rondas espalha pela noite alta.

E a claridade que se faz é tanta
Que logo a terra fica cheia dessa
Sonora e estranha luz que alegra e canta.

E iluminada de um luar de outono
A alma feliz e impávida,atravessa
A vasta e longa escuridão do sono.


Mário Pederneiras
Rondas Noturnas-1.906

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Mundo imaginário


Sob o olhar desta tarde,
quantas horas revivem
e morrem
de uma nova agonia? Velhas feridas se abrem,
de novo somos julgados, o que era tudo some-se
e num mundo fechado outras vigílias doem.

A noite se organiza e, no entanto, ainda restam
certas luzes ao longe. Ah, como encher com elas
este ser já não-ser que se dissolve e deixa
vagos traços na tarde?


Emílio Moura

A SOMBRA

(The mirror of Galadriel,By:Alan Lee)

Mão sem gesto e exata no eco
renascida sem passado,
não me deixes tão eu mesmo;
vem buscar teu colorido
antes que o espelho se parta.

Aonde vais, fluida e sem Tempo,
na bicicleta do sono?
(Já estou roto; é outro o baile,
mas valsa é sempre a mesma.)
Tão longe e tão mil imagens
se acendem ao sol do espelho.

Colombo de Sousa
In: Estágio 1964

DE ONDE VEM...



De onde vem a fremente
e lúcida euforia
que me faz, de repente,
habitante do dia?


Alphonsus de Guimaraens Filho
In: Só a noite é que amanhece

sexta-feira, 30 de abril de 2010

DESTINAÇÃO EM DÓ MAIS OU MENOS



E assim morre, um dia, outro dia, a face da lembrança.
Fantasia, desliza o presente para o limbo, jamais.
Estreita recordação sepulta o paraíso.
Herói, santo, feto, fato.
Flamboyant, vinil e couro, um murro no além.
Com os pedaços dos sonhos se criam sonos, sombras
e pérfidas interrogações


Jacob Pinheiro Goldberg
Do livro: "Ritual de Clivagem", Massao Ohno Editora, 1989, SP

Muito obrigada meu anjinho!


Ao meu querido amiguinho Gui, só posso dizer o quanto fiquei emocionada ao ver o lindo desses versos, sem palavras,sua mamãe é demais... Que lindo!!!
Muito obrigada do fundo de meu coração.
Um grande beijo da tia Madá.

Muito obrigada amiga Juli Ribeiro, obrigada pela lembrança de meu niver!
Sou mais que criança, apesar de já se passarem mais de 6 décadas, tenho que mostrar os presentinhos que recebo.
Com muito carinho, Beijos.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Meus agradecimentos...


Agradeço a amiga Regina Helena a lembrança pela passagem do dia de meu nascimento.
Fiquei surpresa e muito sensibilizada pelo lindo trabalho que ela me dedicou.
Não tenho palavras para agradecer, somente pedir a Deus que esteja sempre com ela, e compartilhar com os amigos as coisas mais belas de minha vida, que tão bem colocou nesse carinhoso livro.
Muito obrigada, obrigada cunhada de coração!
Maria Madalena
28/04/2010

domingo, 25 de abril de 2010

‘Cantiga’

(Foto by Fernando Campanella)

Te contaram que Maria era bela?
Afunda nela, afunda nela.

Te disseram que a vida era dom?
Que bom! Mas agora sente:
Nada de graça
A graça da vida consente.

Que dó!
- A vida dói, dói, João Jiló.

(F.Campanella)

sábado, 24 de abril de 2010

Penumbra do Luar


Noite de lua e noveiro, argente
Difunde-se o luar pela folhagem...
Com a mesma languidez vaga e dormente
Da chuva, quando cai sobre a ramagem...

Como a música ao longe e som dolente
Recorda todo esse abandono... E a aragem
Que passa, agita o olor suave e florente
Vindo das messes, da vernal paisagem...

E o luar cresce através de ermo arvoredo,
Noite chuvosa e triste a Lua ateia...
Fluida névoa de luz... Sonho... Segredo...

Ao ressurgir das coisas na saudade
Que o silêncio evocou... E à luz ondeia
Erra na morta e fria claridade...


Ernani Rosas
(Desterro-SC- 1886-1954)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

E-Book homenagem a Mario Quintana

PEREGRINAÇÃO


Ai de mim
entre esses peregrinos mortos,
os que olharemos para o passado
com melancólico remorso.

Tentaremos dizer alguma coisa,
mas já não saberemos dizer nada...
Até que, então, tenhamos aprendido
a fazer tudo o que não dá mais
para fazer nesta jornada.

E nos arrependeremos
de não ter suportado as feridas
que os espinhos da vida causam
como justo preço cobrado de quem
colhe uma rosa.

Ai de mim
entre esses tristes cavaleiros
que temos feito do sonho alheio
um campo santo para guerrear.

Ai de mim, ai de nós
que não poderemos mais
voltar...

Julis Calderón

SE PERGUNTAREM POR MIM


digam
-que as raízes de meus ventos dispersaram tantas quimeras
mas que os vendavais de meus dias não perderam ainda suas cores
-que o sol, o mar e as areias da praia fluem
em mim como os acordes de Debussy num fim de tarde
-que todos os azuis e os verdes, às vezes, me habitam
-que, às vezes, sou uma pobre noite sem estrelas puras
-que meus sonhos de tão vagos não encontraram
janelas e nem portas
-que minhas semeaduras se deixam queimar magras,
bem antes que o sol se ponha
-que na musica de tantos dias e noites encontrei
violinos desafinados
-mas que
na chuva, de tão cinza ao cair
descobri nela
toda uma gama de coloração
de vida
rasgando estradas novas em esperança.


Se perguntarem por mim. . .



Alvina Nunes Tzovenos
In: Palavras ao Tempo

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Mergulho


O teu olhar denso
refestela-me em despertar
sonhos bordados com teias,
sem sedas

Vôo nas asas previsíveis
da última saudade,
onde ouso pousar
a alma descalça
em terrenos alheios
mergulhada entre o silêncio e a luz

Teus sons vagueiam rasteiros
com ruídos potentes
fraudando metáforas,
florescendo sem subtrações,
na saudade e ausência


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 04/04/10
Código do Texto: T2177402

Despertar


Esse tempo não é meu
mas me prende em suas rédeas,
condiciona minha alegria
no encontro do teu ser

Sou linha que delimita a vida
silenciosa nas arestas do tempo
entre canções breves,
da alma e do desejo

Completo a ausência de tudo,
amando a dúvida que sucede
à verdade disfarçada
proclamando o que convém

Sou o canto sereno
que mensuro, encaixo,
no eterno abraço dos sonhos,
onde as cores se enlaçam
em silêncios cortantes
do meu doce despertar



Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 07/04/10
Código do Texto: T2182052

domingo, 11 de abril de 2010

O SANGUE DAS HORAS


Queixei-me de não ter pão
e a noite me disse não.
Mostrei-lhe a varanda nua
e a Noite me trouxe a lua. . .
Você tem sede, não é?
E a Noite me deu café.


São verdes como a esperança
as horas em que sou triste:
bem que existe não se alcança,
só cansa;
procuro o que não existe.


Se a duvida me procura,
pondo a cerração do tédio
em minha existência obscura,
bebo a esperança, remédio
para as feridas sem cura. . .


Que dúbio alvor de camélia
anda lá fora a flutuar?
É a Noite que, de tão velha,
tão velha,
criou cabelos de luar. . .


A insônia do meu relógio
durante a noite passada
crivou-me o corpo, já enfermo,
de punhaladas sonoras. . .
Meus olhos são duas feridas
por onde
escorre o sangue das horas.


Entre o passado e o porvir
aqueles peixes de prata
não me deixaram dormir.
Tomei café sem parar.
Bebi treva em goles mudos. . .
Criei cabelos de luar.


Cassiano Ricardo
In: Antologia Poética

terça-feira, 6 de abril de 2010

SONHO


II

Da tua branca e solitária ermida
Por caminhos de céu que a lua esmalta-
Desces –banhada dessa luz cobalta-
O linho d’asa abrindo sobre a vida.

Nada,teu passo calmo,sobre-salta
E quando a mágoa as almas intimida
Das ilusões,a turba renascida,
Em rondas espalha pela noite alta.

E a claridade que se faz é tanta
Que logo a terra fica cheia dessa
Sonora e estranha luz que alegra e canta.

E iluminada de um luar de outono
A alma feliz e impávida,atravessa
A vasta e longa escuridão do sono.


Mário Pederneiras
Rondas Noturnas-1.906

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Mundo imaginário


Sob o olhar desta tarde,
quantas horas revivem
e morrem
de uma nova agonia? Velhas feridas se abrem,
de novo somos julgados, o que era tudo some-se
e num mundo fechado outras vigílias doem.

A noite se organiza e, no entanto, ainda restam
certas luzes ao longe. Ah, como encher com elas
este ser já não-ser que se dissolve e deixa
vagos traços na tarde?


Emílio Moura

A SOMBRA

(The mirror of Galadriel,By:Alan Lee)

Mão sem gesto e exata no eco
renascida sem passado,
não me deixes tão eu mesmo;
vem buscar teu colorido
antes que o espelho se parta.

Aonde vais, fluida e sem Tempo,
na bicicleta do sono?
(Já estou roto; é outro o baile,
mas valsa é sempre a mesma.)
Tão longe e tão mil imagens
se acendem ao sol do espelho.

Colombo de Sousa
In: Estágio 1964

DE ONDE VEM...



De onde vem a fremente
e lúcida euforia
que me faz, de repente,
habitante do dia?


Alphonsus de Guimaraens Filho
In: Só a noite é que amanhece