Seja bem-vindo. Hoje é

domingo, 27 de junho de 2010

'Mundo'


O mundo ri enraizado no trigo
Águas medem os passos do sol

A ave livre veste o ar de vozes
O coração rima com nuvens

Mas um menino soluça sobre a pedra

E o mundo passa refletido nos punhais.


Cláudio Feldman
Professor de Língua e Literatura, escritor e artista plástico. Nasceu em Bauru, interior paulista, em 1944, e vive em Santo André desde a juventude. Autor de mais de 40 livros, entre poesia, ficção, humor e literatura infantil, dedica-se também ao jornalismo, colaborando para diversas publicações e sites.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Convite




Clique no livrinho para BAIXAR

Para participar do site, clique no convite na coluna ao lado.

terça-feira, 22 de junho de 2010

PARTINDO



(The first will be the last.
Evangelho)


– Já, Saudade?... de amores enfermos,
Ai a terra que vamos deixar!
De tão ledos, quão tristes os ermos
Da esplanada de alheio solar!
E das mágoas tão tuas, que eu sinto,
Eu não vejo, não vemos os termos –
Do áureo sonho nas sombras extinto,
Deus! quão pálido de hoje o acordar!

Sobre a relva doirada da tarde
Estenderam-se os raios do sol;
Há, da calma o fulgor, a saudade
De um mortuário formoso lençol:
Vês? – e a esp'rança não deixa-nos ainda
Do viver todos juntos, de que há-de
A nossa alma haver pátria d'infinda
Sempre-flor, sempre róseo arrebol.


Sousândrade
(1875)
*Joaquim de Sousa Andrade mais conhecido por Sousândrade
Nascimento- Guimarães,MA, 9 de julho de 1833-
Morte-São Luís,MA, 21 de abril de 1902)
Formou-se em Letras pela Sorbonne, em Paris, onde fez também o curso de engenharia de minas.
Republicano convicto e militante, transfere-se, em 1870, para os Estados Unidos.
Publicou seu primeiro livro de poesia, Harpas Selvagens, em 1857. Viajou por vários países até fixar-se nos Estados Unidos em 1871, onde publicou a obra poética O Guesa, em que utiliza recursos expressivos, como a criação de neologismos e de metáforas vertiginosas, que só foram valorizados muito depois de sua morte, sucessivamente ampliada e corrigida nos anos seguintes. No período de 1871 a 1879 foi secretário e colaborador do periódico O Novo Mundo, dirigido por José Carlos Rodrigues em Nova York (EUA)Ao final de sua vida, volta ao Maranhão, incompreendido e só, tido maldosamente como louco, morre só e na mais completa pobreza. .

sexta-feira, 18 de junho de 2010

'Tão fundo o silêncio'


É tão fundo o silêncio entre as estrelas.
Nem o som da palavra se propaga,
Nem o canto das aves milagrosas.
Mas lá, entre as estrelas, onde somos
Um astro recriado, é que se ouve
O íntimo rumor que abre as rosas.

*José Saramago
in Provavelmente Alegria.
Premio Nobel em literatura- 1.998.
Nascimento- Azinhaga, Golegã, Portugal. 16 de Novembro de 1922-
Falecimento- 18 de junho de 2010- Lanzarote, Ilhas Canárias, Espanha.
Nossas homenagens ao grande poeta português hoje falecido.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Estrela de Argila


Aspiro a um tempo liberto
folha branca de espaços livres
onde o pensamento se fará
em buscas, em mundos,em versos
onde minha alma se espreguice
na magia serena da poesia
e transplante o coração do homem
sem a pieguice das idealizações
do metafísico para o concreto
do céu para o chão
das estrelas para o nosso barro
argiloso das afirmações!

Luiz José Maia
In “As Quatro Faces do Homem”

segunda-feira, 14 de junho de 2010

13 de junho, Fernando Campanella.


Clique na imagem, e veja os belos poemas de Fernando Campanella, formatos pela amiga Leila Derzi, pela passagem do 'niver' do poeta.

Observações:
Uma vez aberta uma foto individual, clique no lado direito do mouse e vá a
'Go full screen' (Tela grande) para melhor visualizar o belíssimo trabalho da querida amiga.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

CANÇÃO LAPIDAR

Era um caminho. Mudei-o
De lugar e ele morreu.
Nenhuma pedra me conta
Onde foi que ele nasceu.

Era uma pedra. Deixei-a
No lugar em que nasceu.
Nem ela ficou sabendo
De que caminho morreu.

Era o silêncio. Falei-o
Mas ele pronto esqueceu
Em que pedra, em que caminho
Nada mais me aconteceu...

Homero Frei
in "Lado Alado"


*HOMERO FREI, nsaceu em São Carlos- SP, em 25 de abril de 1924.
Homero Frei foi um autor reconhecido pela qualidade de seus sonetos e também pelo trabalho que desenvolveu como crítico literário.

Em “Só um homem só”, uma coletânea de contos e textos curtos, que contam passagens de vidas, fragmentos intensos e plenos de significado, demonstrou toda a habilidade de um autor que teve quatro livros de poesia publicados, também no terreno da narrativa.

A obra “Soneto Brancos” foi aclamada por Tristão de Athayde, que a seu respeito escreveu: “Não é objetivo. Nem subjetivo. Não é o seu Eu que encontro nesses poemas. Nem o mundo ambiente, sua paisagem, seus problemas. É a poesia como entidade entre o Eu e o Mundo. É dentro de duas medidas que eu chamaria de Metamorfose e de Multiversidade”.

Exerceu em São Carlos a função de diretor do Departamento de Educação e Cultura, chefe da Biblioteca Municipal, chefe do Museu e da Escola Maria Ramos.

Entre 1961 e 1967 foi Chefe da Seção de Instrução Primária, Educação e Cultura ( incluindo as escolas rurais) e também excepcionais. De 1968 a 1970 foi Chefe da Seção de Biblioteca, Museu histórico e Pinacoteca, responsável pela organização da Biblioteca, pelo ordenamento e catalogação dos livros.Em 1970 dirigiu o DEC e entre 1973 a 1983 foi Assessor do Conselho Municipal, em 1983 foi Assessor do DEC e em 1985 prestou serviços no Escritório Regional de Governo em São Carlos.

Homero Frei faleceu em 21 setembro de 2008.

terça-feira, 8 de junho de 2010

'Revoada'


os pássaros quando voam
não deixam sequer rastro ao vento
porque não voam com as asas
apenas com o sentimento.

os pássaros em revoada
não buscam tão simplesmente
o ninho de algum lugar
porque já estão pousados
no próprio ninho do ar.

quando pássaros em pleno voo
não há nem asas nem vento
tudo fica com o tempo
apenas paz e firmamento.

Salgado Maranhão
in 'Mural de Ventos'

*Salgado Maranhão (José Salgado Santos) nasceu em Caxias, no Maranhão.Vive no Rio de Janeiro desde 1973.
Seus primeiros poemas foram editados na antologia 'Ebulição da escrivatura', publicada pela Civilização Brasileira, em 1978.
Seguem-se:
'Punhos da serpente' ( Rio de Janeiro, Achiamé, 1989 );
'Palávora' ( Rio de Janeiro, Sette Letras, 1995 );
'O beijo da fera' ( Rio de Janeiro, Sette Letras, 1996 );
'Mural de Ventos' ( Rio de Janeiro, José Olímpio Ed.; Mogi das Cruzes–SP, Universidade de Mogi das Cruzes, 1998 ).
Prêmio Jabuti – 1999 por Mural de ventos, é também letrista de música popular brasileira, tendo parcerias e gravações com Ivan Lins, Paulinho da Viola, Elba Ramalho, Zizi Possi e Ney Matogrosso, entre outros.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

ERGO SUM


Resignado,
conservo os vestígios de meus giros rasos,
(mas nunca excedo meu peso),
serei contente?

Pedestre,
jamais ousei além da margem tímida,
(mas não levo desaforo pra casa),
serei valente?

Diletante,
ignoro as regras elementares,
(mas me formei e ganho bem),
serei potente?

Inapetente,
só me enternecem os meus botões,
(mas amo o próximo mais que ninguém),
serei descrente?

Desatento,
Perdi o mapa das linhas retas
(mas tenho amigos e influencio pessoas),
serei carente?

*Antonio Fernando De Franceschi
In: Tarde Revelada Poemas

*Nasceu em Pirassununga, São Paulo, em 1942. Formado em filosofia, jornalismo e economia, já conquistou prêmios literários importantes, como o Jabuti e o APCA. Atualmente trabalha como diretor superintendente do Instituto Moreira Salles.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Auto-retrato


Belíssima formatação da amiga Leila Derzi.

terça-feira, 1 de junho de 2010

“Paisagem”


As casas vivem,
Ganham alma.
A alma dos que abrigaram passa a elas.

Têm expressões quotidianas cruéis ou calmas nos portais;
E nas janelas
Cerram pálpebras inquietas de persianas,
Conventuais.

As casas levam o dia inteiro a ver quem passa
De olhos curiosos para a rua.
As casas abrem as fachadas, rindo todas,
E florescem
Nas festas de nata, nos batizados e nas bodas.

Mas mudando de atitude
Quantas vezes entristecem
E a bem em exclamação as portas porque sai um ataúde.

*Murilo Araújo
De “A outra infância”
In “Poemas completos de Murilo Araújo

*Murilo Araújo, nasceu na cidade de Serro, Minas Gerais, Brasil, em 26 de outubro de 1894.Foi um dos expoentes do Modernismo, tendo estreado em 1917, com o livro ‘Carrilhões’, lançando cinco anos antes da Semana de Arte Moderna.Faleceu no Rio de Janeiro, em 1 de Agosto de 1980.

domingo, 27 de junho de 2010

'Mundo'


O mundo ri enraizado no trigo
Águas medem os passos do sol

A ave livre veste o ar de vozes
O coração rima com nuvens

Mas um menino soluça sobre a pedra

E o mundo passa refletido nos punhais.


Cláudio Feldman
Professor de Língua e Literatura, escritor e artista plástico. Nasceu em Bauru, interior paulista, em 1944, e vive em Santo André desde a juventude. Autor de mais de 40 livros, entre poesia, ficção, humor e literatura infantil, dedica-se também ao jornalismo, colaborando para diversas publicações e sites.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

Convite




Clique no livrinho para BAIXAR

Para participar do site, clique no convite na coluna ao lado.

terça-feira, 22 de junho de 2010

PARTINDO



(The first will be the last.
Evangelho)


– Já, Saudade?... de amores enfermos,
Ai a terra que vamos deixar!
De tão ledos, quão tristes os ermos
Da esplanada de alheio solar!
E das mágoas tão tuas, que eu sinto,
Eu não vejo, não vemos os termos –
Do áureo sonho nas sombras extinto,
Deus! quão pálido de hoje o acordar!

Sobre a relva doirada da tarde
Estenderam-se os raios do sol;
Há, da calma o fulgor, a saudade
De um mortuário formoso lençol:
Vês? – e a esp'rança não deixa-nos ainda
Do viver todos juntos, de que há-de
A nossa alma haver pátria d'infinda
Sempre-flor, sempre róseo arrebol.


Sousândrade
(1875)
*Joaquim de Sousa Andrade mais conhecido por Sousândrade
Nascimento- Guimarães,MA, 9 de julho de 1833-
Morte-São Luís,MA, 21 de abril de 1902)
Formou-se em Letras pela Sorbonne, em Paris, onde fez também o curso de engenharia de minas.
Republicano convicto e militante, transfere-se, em 1870, para os Estados Unidos.
Publicou seu primeiro livro de poesia, Harpas Selvagens, em 1857. Viajou por vários países até fixar-se nos Estados Unidos em 1871, onde publicou a obra poética O Guesa, em que utiliza recursos expressivos, como a criação de neologismos e de metáforas vertiginosas, que só foram valorizados muito depois de sua morte, sucessivamente ampliada e corrigida nos anos seguintes. No período de 1871 a 1879 foi secretário e colaborador do periódico O Novo Mundo, dirigido por José Carlos Rodrigues em Nova York (EUA)Ao final de sua vida, volta ao Maranhão, incompreendido e só, tido maldosamente como louco, morre só e na mais completa pobreza. .

sexta-feira, 18 de junho de 2010

'Tão fundo o silêncio'


É tão fundo o silêncio entre as estrelas.
Nem o som da palavra se propaga,
Nem o canto das aves milagrosas.
Mas lá, entre as estrelas, onde somos
Um astro recriado, é que se ouve
O íntimo rumor que abre as rosas.

*José Saramago
in Provavelmente Alegria.
Premio Nobel em literatura- 1.998.
Nascimento- Azinhaga, Golegã, Portugal. 16 de Novembro de 1922-
Falecimento- 18 de junho de 2010- Lanzarote, Ilhas Canárias, Espanha.
Nossas homenagens ao grande poeta português hoje falecido.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Estrela de Argila


Aspiro a um tempo liberto
folha branca de espaços livres
onde o pensamento se fará
em buscas, em mundos,em versos
onde minha alma se espreguice
na magia serena da poesia
e transplante o coração do homem
sem a pieguice das idealizações
do metafísico para o concreto
do céu para o chão
das estrelas para o nosso barro
argiloso das afirmações!

Luiz José Maia
In “As Quatro Faces do Homem”

segunda-feira, 14 de junho de 2010

13 de junho, Fernando Campanella.


Clique na imagem, e veja os belos poemas de Fernando Campanella, formatos pela amiga Leila Derzi, pela passagem do 'niver' do poeta.

Observações:
Uma vez aberta uma foto individual, clique no lado direito do mouse e vá a
'Go full screen' (Tela grande) para melhor visualizar o belíssimo trabalho da querida amiga.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

CANÇÃO LAPIDAR

Era um caminho. Mudei-o
De lugar e ele morreu.
Nenhuma pedra me conta
Onde foi que ele nasceu.

Era uma pedra. Deixei-a
No lugar em que nasceu.
Nem ela ficou sabendo
De que caminho morreu.

Era o silêncio. Falei-o
Mas ele pronto esqueceu
Em que pedra, em que caminho
Nada mais me aconteceu...

Homero Frei
in "Lado Alado"


*HOMERO FREI, nsaceu em São Carlos- SP, em 25 de abril de 1924.
Homero Frei foi um autor reconhecido pela qualidade de seus sonetos e também pelo trabalho que desenvolveu como crítico literário.

Em “Só um homem só”, uma coletânea de contos e textos curtos, que contam passagens de vidas, fragmentos intensos e plenos de significado, demonstrou toda a habilidade de um autor que teve quatro livros de poesia publicados, também no terreno da narrativa.

A obra “Soneto Brancos” foi aclamada por Tristão de Athayde, que a seu respeito escreveu: “Não é objetivo. Nem subjetivo. Não é o seu Eu que encontro nesses poemas. Nem o mundo ambiente, sua paisagem, seus problemas. É a poesia como entidade entre o Eu e o Mundo. É dentro de duas medidas que eu chamaria de Metamorfose e de Multiversidade”.

Exerceu em São Carlos a função de diretor do Departamento de Educação e Cultura, chefe da Biblioteca Municipal, chefe do Museu e da Escola Maria Ramos.

Entre 1961 e 1967 foi Chefe da Seção de Instrução Primária, Educação e Cultura ( incluindo as escolas rurais) e também excepcionais. De 1968 a 1970 foi Chefe da Seção de Biblioteca, Museu histórico e Pinacoteca, responsável pela organização da Biblioteca, pelo ordenamento e catalogação dos livros.Em 1970 dirigiu o DEC e entre 1973 a 1983 foi Assessor do Conselho Municipal, em 1983 foi Assessor do DEC e em 1985 prestou serviços no Escritório Regional de Governo em São Carlos.

Homero Frei faleceu em 21 setembro de 2008.

terça-feira, 8 de junho de 2010

'Revoada'


os pássaros quando voam
não deixam sequer rastro ao vento
porque não voam com as asas
apenas com o sentimento.

os pássaros em revoada
não buscam tão simplesmente
o ninho de algum lugar
porque já estão pousados
no próprio ninho do ar.

quando pássaros em pleno voo
não há nem asas nem vento
tudo fica com o tempo
apenas paz e firmamento.

Salgado Maranhão
in 'Mural de Ventos'

*Salgado Maranhão (José Salgado Santos) nasceu em Caxias, no Maranhão.Vive no Rio de Janeiro desde 1973.
Seus primeiros poemas foram editados na antologia 'Ebulição da escrivatura', publicada pela Civilização Brasileira, em 1978.
Seguem-se:
'Punhos da serpente' ( Rio de Janeiro, Achiamé, 1989 );
'Palávora' ( Rio de Janeiro, Sette Letras, 1995 );
'O beijo da fera' ( Rio de Janeiro, Sette Letras, 1996 );
'Mural de Ventos' ( Rio de Janeiro, José Olímpio Ed.; Mogi das Cruzes–SP, Universidade de Mogi das Cruzes, 1998 ).
Prêmio Jabuti – 1999 por Mural de ventos, é também letrista de música popular brasileira, tendo parcerias e gravações com Ivan Lins, Paulinho da Viola, Elba Ramalho, Zizi Possi e Ney Matogrosso, entre outros.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

ERGO SUM


Resignado,
conservo os vestígios de meus giros rasos,
(mas nunca excedo meu peso),
serei contente?

Pedestre,
jamais ousei além da margem tímida,
(mas não levo desaforo pra casa),
serei valente?

Diletante,
ignoro as regras elementares,
(mas me formei e ganho bem),
serei potente?

Inapetente,
só me enternecem os meus botões,
(mas amo o próximo mais que ninguém),
serei descrente?

Desatento,
Perdi o mapa das linhas retas
(mas tenho amigos e influencio pessoas),
serei carente?

*Antonio Fernando De Franceschi
In: Tarde Revelada Poemas

*Nasceu em Pirassununga, São Paulo, em 1942. Formado em filosofia, jornalismo e economia, já conquistou prêmios literários importantes, como o Jabuti e o APCA. Atualmente trabalha como diretor superintendente do Instituto Moreira Salles.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Auto-retrato


Belíssima formatação da amiga Leila Derzi.

terça-feira, 1 de junho de 2010

“Paisagem”


As casas vivem,
Ganham alma.
A alma dos que abrigaram passa a elas.

Têm expressões quotidianas cruéis ou calmas nos portais;
E nas janelas
Cerram pálpebras inquietas de persianas,
Conventuais.

As casas levam o dia inteiro a ver quem passa
De olhos curiosos para a rua.
As casas abrem as fachadas, rindo todas,
E florescem
Nas festas de nata, nos batizados e nas bodas.

Mas mudando de atitude
Quantas vezes entristecem
E a bem em exclamação as portas porque sai um ataúde.

*Murilo Araújo
De “A outra infância”
In “Poemas completos de Murilo Araújo

*Murilo Araújo, nasceu na cidade de Serro, Minas Gerais, Brasil, em 26 de outubro de 1894.Foi um dos expoentes do Modernismo, tendo estreado em 1917, com o livro ‘Carrilhões’, lançando cinco anos antes da Semana de Arte Moderna.Faleceu no Rio de Janeiro, em 1 de Agosto de 1980.