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segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A GIRA DO POEMA

O poeta, abstraído, em que pensará?
(já nem respiro, só observo):
dezenas de umbigos o circundam.
Pensamentos giram alucinados ao redor de sua cabeça,
Nuvens de versos giram em torno de seu coração.
O mundo gira, a cabeça do poeta gira,
tudo gira ao Deus dará.
Como esses versos, baldios, tão frios,
todavia, espera pra ver depois dessa gira,
a doçura de poesia,
o poema ardente que se fará!

*Carmen Regina

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Lá vai o espírito,
- é pura luz! -
em humanas águas deslizando
pelas corredeiras do e terno.

Aqui vou eu,
- faísca de estrela, -
em humana veste per correndo
as vias da evolução.


Carmen Regina

A beleza, não raro, ,
precisa ser observada a uma certa distância
(das emoções humanas comezinhas
e dos ruídos interiores)
e a uma certa altura
(do mirante dos patamares da sabedoria e da inocência)
para ser percebida
em sua toda extensão e magnificência
até então inimaginadas.

Abraços do mini cais

Carmen Regina

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

SÓ ME RESTA CANTAR

(Tela de Edmund Greacen)

Por não terem noção da terra, os anjos
são - como é verde o céu - donos de tudo.
Bichos de lá e de cá são seus, e as rosas.
Mas não só os anjos que possuem tudo.


Os que amam, também, quando imaginam
que as estrelas lhes descem à altura das mãos
- bando de pássaros em oblíqua fuga -
Mas, além dos que se amam, são os loucos.


Ah, os loucos ( como esquecer os pobres loucos?)
é que possuem tudo: o mundo, os astros.
A sem razão das coisas lhes dá tudo.
E os encantados? que direi dos encantados?


Direi que o encantamento é a chave mágica
que Deus perdeu, já no sétimo dia,
é só quem, hoje, a encontra, encontra tudo.
Mas, e os suicídas? Esses, finalmente,


são os que conseguem, como alados monstros,
apagar as auroras mais tranquilas,
antes que elas se apaguem a seus olhos.
E - assim - não são, também, dono de tudo?


O universo, portanto, não é meu,
com as suas dádivas e com as suas vidas.
É dos anjos, dos loucos; é dos encantados.
Mas é - principalmente - dos suicídas.

Cassiano Ricardo
In 'A Difícil Manhã'

Recebido de minha querida amiga Dione Coppi.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

'FILOSOFANDO'


'FILOSOFANDO'

- Interessante!... Aquele passarinho
que pelo espaço imenso, incerto, adeja,
não tem nada
porque nada deseja,
e no entanto tem tudo:

- a terra verde é sua...
- o céu azul é seu...

- interessante!... Aquele passarinho
tem muito mais do que eu

J.G.de Araújo Jorge

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

VESPERAL



Dentro do véu da tarde silenciosa,
os jardins adormecem a sonhar...
Choram, sonhando, a sorte de uma rosa
que vai morrer nos braços do luar.

Dentro do véu da a tarde silenciosa,
alguém soluça, erguendo os braços no ar,
uma velha balada dolorosa
de um grande amor que ninguém soube amar...

Pela tristeza de um longínquo olhar,
dentro do véu da tarde silenciosa,
beijo uma sombra que me faz chorar.

Canta um repuxo na hora vaporosa...
Quantas flores ainda vão tombar
dentro do véu da tarde silenciosa...


Onestaldo de Pennafort
Poesia (1987)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

'POEMAS DO VENTO'

Gastar-se no tempo
diluir-se no vento
evolar-se no sonho
deixando
- haverá quem o colha? -
um resíduo...

Memória.

Levarei por onde ande
uma inquietação mais nada
impulso vital que extingo
dentro de um pouco de lama.

Tal que o vento que baila
fazendo seu corpo efêmero
com a poeira das estradas...

Menotti Del Picchia

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A GIRA DO POEMA

O poeta, abstraído, em que pensará?
(já nem respiro, só observo):
dezenas de umbigos o circundam.
Pensamentos giram alucinados ao redor de sua cabeça,
Nuvens de versos giram em torno de seu coração.
O mundo gira, a cabeça do poeta gira,
tudo gira ao Deus dará.
Como esses versos, baldios, tão frios,
todavia, espera pra ver depois dessa gira,
a doçura de poesia,
o poema ardente que se fará!

*Carmen Regina

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Lá vai o espírito,
- é pura luz! -
em humanas águas deslizando
pelas corredeiras do e terno.

Aqui vou eu,
- faísca de estrela, -
em humana veste per correndo
as vias da evolução.


Carmen Regina

A beleza, não raro, ,
precisa ser observada a uma certa distância
(das emoções humanas comezinhas
e dos ruídos interiores)
e a uma certa altura
(do mirante dos patamares da sabedoria e da inocência)
para ser percebida
em sua toda extensão e magnificência
até então inimaginadas.

Abraços do mini cais

Carmen Regina

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

SÓ ME RESTA CANTAR

(Tela de Edmund Greacen)

Por não terem noção da terra, os anjos
são - como é verde o céu - donos de tudo.
Bichos de lá e de cá são seus, e as rosas.
Mas não só os anjos que possuem tudo.


Os que amam, também, quando imaginam
que as estrelas lhes descem à altura das mãos
- bando de pássaros em oblíqua fuga -
Mas, além dos que se amam, são os loucos.


Ah, os loucos ( como esquecer os pobres loucos?)
é que possuem tudo: o mundo, os astros.
A sem razão das coisas lhes dá tudo.
E os encantados? que direi dos encantados?


Direi que o encantamento é a chave mágica
que Deus perdeu, já no sétimo dia,
é só quem, hoje, a encontra, encontra tudo.
Mas, e os suicídas? Esses, finalmente,


são os que conseguem, como alados monstros,
apagar as auroras mais tranquilas,
antes que elas se apaguem a seus olhos.
E - assim - não são, também, dono de tudo?


O universo, portanto, não é meu,
com as suas dádivas e com as suas vidas.
É dos anjos, dos loucos; é dos encantados.
Mas é - principalmente - dos suicídas.

Cassiano Ricardo
In 'A Difícil Manhã'

Recebido de minha querida amiga Dione Coppi.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

'FILOSOFANDO'


'FILOSOFANDO'

- Interessante!... Aquele passarinho
que pelo espaço imenso, incerto, adeja,
não tem nada
porque nada deseja,
e no entanto tem tudo:

- a terra verde é sua...
- o céu azul é seu...

- interessante!... Aquele passarinho
tem muito mais do que eu

J.G.de Araújo Jorge

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

VESPERAL



Dentro do véu da tarde silenciosa,
os jardins adormecem a sonhar...
Choram, sonhando, a sorte de uma rosa
que vai morrer nos braços do luar.

Dentro do véu da a tarde silenciosa,
alguém soluça, erguendo os braços no ar,
uma velha balada dolorosa
de um grande amor que ninguém soube amar...

Pela tristeza de um longínquo olhar,
dentro do véu da tarde silenciosa,
beijo uma sombra que me faz chorar.

Canta um repuxo na hora vaporosa...
Quantas flores ainda vão tombar
dentro do véu da tarde silenciosa...


Onestaldo de Pennafort
Poesia (1987)

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

'POEMAS DO VENTO'

Gastar-se no tempo
diluir-se no vento
evolar-se no sonho
deixando
- haverá quem o colha? -
um resíduo...

Memória.

Levarei por onde ande
uma inquietação mais nada
impulso vital que extingo
dentro de um pouco de lama.

Tal que o vento que baila
fazendo seu corpo efêmero
com a poeira das estradas...

Menotti Del Picchia