Seja bem-vindo. Hoje é

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

''A cada tempo um pouco mais''


A contundência da palavra outubro,
a sutileza da palavra pétala,
o cuidado ao lidar com espinhos,
o prazer de saborear frutas tenras,
a necessidade de ser pego pela paixão,
a inevitável dor de quem parte,
a saudade a maltratar meu coração.

A exuberância da palavra dezembro,
o cheiro da palavra tentação,
a instabilidade desses dias tão quentes,
a possibilidade de caminhos diferentes,
a constatação de não resistir ao pecado,
a quantidade de veneno nas veias,
a dificuldade de escapar dessas teias,
a vontade de viver um pouco mais.

A palidez da palavra outono,
a inquietude da palavra espera,
a aspereza de quem adormece pedra,
a incerteza de quem vive no caminho,
o emaranhado que existe na trama,
a procura pela palavra abrigo,
a felicidade de encontrar um amigo,
o alívio de estar seguro num cais.

O som da palavra inverno,
a fluidez da palavra essência,
a luz que existe em cada amanhecer,
a maciez que habita cada entardecer,
a sabedoria necessária para se anoitecer,
a ansiedade que inunda a madrugada.,
a coragem de quem atravessou tempestades,
a certeza de quem sobreviveu.

O milagre da palavra existência,
a importância da palavra sagrado,
a delicadeza da semente do trigo,
o segredo do ciclo das águas,
a verdade em cada trecho da jornada,
a imponderabilidade da palavra tempo,
o aprendizado em cada detalhe que eu vivo,
a eternidade dos caminhos que eu sigo.

NALDOVELHO

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

'BAILADO'


Lentamente, entre sóis e luas, lá vai o céu,
Indiferente, ora azul, ora cinza, como a vida.
Lá vai o céu abrigando pipas, balões e anjos,
Agasalhando almas, pintando o arco-íris,
Distraído com a dança esguia das nuvens.

Gilson Froelich
-Direitos reservados-


[Arte de Rie Kono]

terça-feira, 15 de outubro de 2013

OUTONO DE SONHOS (LUZ E SONHOS)

 
Armadilhas, tocaias, acidentados atalhos,
   trilhas, espinhos, desvios de rumo...
   Perdi o meu prumo, vesti um agasalho,
   e em meio à tormenta semeei tantas coisas,
   uma árvore frondosa foi o que me restou.

   Na trilha dos ventos, um refúgio, um abrigo,
   o rochedo resiste ao açoite inclemente,
   outono de sonhos, de folhas, de flores,
   e a chuva se apressa e inunda o caminho.

   Colheita de versos desordenados, dispersos,
   imagens cinzentas, entardecer de junho,
   saudades que eu tenho, fiquei tão sozinho
   ao dedilhar o meu pranto, melodia de enganos,
   uma toada que eu canto pra espantar minha dor.


Naldo Velho

''APANHADOR DE SONHOS''



''A utopia está lá no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.
Para que serve a utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.''

[Eduardo Galeano
]

Tudo passa
A tristeza contida
A vida oprimida
Comprimida
em desenganos
em desafetos

Mas tudo passa
O s amores perdidos
Os carinhos sentidos
As lágrimas derramadas

Continue o caminho
Pés cansados
Corpo suado
Alma inquieta
Mas prossiga...
Não pare!

Caminhar é preciso
às pessoas de bom senso
Viver não é preciso
É impreciso
É tortuoso
É inconstante
É um sobe e desce sem fim

Mas o que vale, meu amigo
É a esperança que brilha
É a beleza do encontro
E a persistência de ser
Hoje e sempre
O apanhador de sonhos.

Ianê Mello

(28.05.13)

Terra Deserta (Luz e Sombras)


Terra deserta de sonhos
não se presta ao cultivo de gente
e as coisas que ali acontecem
alimentam sentimentos estranhos.

Por lá não florescem gerânios,
samambaias desmaiadas padecem,
azaleias ressequidas não crescem,
e o que nos resta é semear desenganos.

Em terra deserta de sonhos,
o canto dos pássaros destoa,
as horas de tão lentas enjoam
e o dia nunca amanhece.

Vidas desertas de sonhos
não se prestam ao cultivo de homens,
que por dias, meses e anos,
aprisionados às sombras não crescem.
 
Naldo Velho

''Uma palavra de amor''


Não existem estradas
de se caminhar desatento.
Toda trajetória tem sua história,
cada pedaço de chão, suas memórias.
Só nos resta tentar perceber.

Não existem pedras
lapidadas por dentro.
Todo o diamante translúcido agora,
já foi opaco num tempo,
pois qualquer pedra
tem uma alma por dentro.
Só nos resta fazer por merecer.

Não existem terras
impróprias ao semeio,
até as áridas e escuras
fartas de inquietude e loucura,
um dia serão apropriadas,
e sementes de sonho
ali germinarão.
Pois haverá sempre
um poema a ser escrito,
um resgate de um proscrito
uma pedra a ser polida,
um caminho de construir.

Não existem almas
eternamente perdidas,
ainda que sejam muitos os abismos,
haverá sempre ao seu tempo,
caminhos de ir e de vir.
E por eles certamente,
um sorriso amigo,
um ombro acolhedor
uma palavra de amor.


Naldo Velho

sábado, 12 de outubro de 2013



Feliz aquele que mesmo não tido uma infância feliz, soube livrar-se dos grilhões do passado, e transmitir perdão, amor, compreensão e bondade para com as crianças de hoje. O futuro de todos está nas mãos e mentes de nossas crianças, preservá-las do mal, é preservar a si mesmo e a saúde de nosso universo.
Nos te saudamos, criança do mundo, criança futuro.

Anna Carlini
-1949-

terça-feira, 8 de outubro de 2013

''A magia''

Eu venho desse reino generoso,
onde os homens que nascem dos seus verdes
continuam cativos esquecidos
e contudo profundamente irmãos
das coisas poderosas, permanentes
como as águas, os ventos e a esperança.

Vem ver comigo o rio e as suas leis.
Vem aprender a ciência dos rebojos,
vem escutar os cânticos noturnos
no mágico silêncio do igapó
coberto por estrelas de esmeralda.

Thiago de Mello,
em "Mormaço na floresta", 1981.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

''A cada tempo um pouco mais''


A contundência da palavra outubro,
a sutileza da palavra pétala,
o cuidado ao lidar com espinhos,
o prazer de saborear frutas tenras,
a necessidade de ser pego pela paixão,
a inevitável dor de quem parte,
a saudade a maltratar meu coração.

A exuberância da palavra dezembro,
o cheiro da palavra tentação,
a instabilidade desses dias tão quentes,
a possibilidade de caminhos diferentes,
a constatação de não resistir ao pecado,
a quantidade de veneno nas veias,
a dificuldade de escapar dessas teias,
a vontade de viver um pouco mais.

A palidez da palavra outono,
a inquietude da palavra espera,
a aspereza de quem adormece pedra,
a incerteza de quem vive no caminho,
o emaranhado que existe na trama,
a procura pela palavra abrigo,
a felicidade de encontrar um amigo,
o alívio de estar seguro num cais.

O som da palavra inverno,
a fluidez da palavra essência,
a luz que existe em cada amanhecer,
a maciez que habita cada entardecer,
a sabedoria necessária para se anoitecer,
a ansiedade que inunda a madrugada.,
a coragem de quem atravessou tempestades,
a certeza de quem sobreviveu.

O milagre da palavra existência,
a importância da palavra sagrado,
a delicadeza da semente do trigo,
o segredo do ciclo das águas,
a verdade em cada trecho da jornada,
a imponderabilidade da palavra tempo,
o aprendizado em cada detalhe que eu vivo,
a eternidade dos caminhos que eu sigo.

NALDOVELHO

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

'BAILADO'


Lentamente, entre sóis e luas, lá vai o céu,
Indiferente, ora azul, ora cinza, como a vida.
Lá vai o céu abrigando pipas, balões e anjos,
Agasalhando almas, pintando o arco-íris,
Distraído com a dança esguia das nuvens.

Gilson Froelich
-Direitos reservados-


[Arte de Rie Kono]

terça-feira, 15 de outubro de 2013

OUTONO DE SONHOS (LUZ E SONHOS)

 
Armadilhas, tocaias, acidentados atalhos,
   trilhas, espinhos, desvios de rumo...
   Perdi o meu prumo, vesti um agasalho,
   e em meio à tormenta semeei tantas coisas,
   uma árvore frondosa foi o que me restou.

   Na trilha dos ventos, um refúgio, um abrigo,
   o rochedo resiste ao açoite inclemente,
   outono de sonhos, de folhas, de flores,
   e a chuva se apressa e inunda o caminho.

   Colheita de versos desordenados, dispersos,
   imagens cinzentas, entardecer de junho,
   saudades que eu tenho, fiquei tão sozinho
   ao dedilhar o meu pranto, melodia de enganos,
   uma toada que eu canto pra espantar minha dor.


Naldo Velho

''APANHADOR DE SONHOS''



''A utopia está lá no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.
Para que serve a utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.''

[Eduardo Galeano
]

Tudo passa
A tristeza contida
A vida oprimida
Comprimida
em desenganos
em desafetos

Mas tudo passa
O s amores perdidos
Os carinhos sentidos
As lágrimas derramadas

Continue o caminho
Pés cansados
Corpo suado
Alma inquieta
Mas prossiga...
Não pare!

Caminhar é preciso
às pessoas de bom senso
Viver não é preciso
É impreciso
É tortuoso
É inconstante
É um sobe e desce sem fim

Mas o que vale, meu amigo
É a esperança que brilha
É a beleza do encontro
E a persistência de ser
Hoje e sempre
O apanhador de sonhos.

Ianê Mello

(28.05.13)

Terra Deserta (Luz e Sombras)


Terra deserta de sonhos
não se presta ao cultivo de gente
e as coisas que ali acontecem
alimentam sentimentos estranhos.

Por lá não florescem gerânios,
samambaias desmaiadas padecem,
azaleias ressequidas não crescem,
e o que nos resta é semear desenganos.

Em terra deserta de sonhos,
o canto dos pássaros destoa,
as horas de tão lentas enjoam
e o dia nunca amanhece.

Vidas desertas de sonhos
não se prestam ao cultivo de homens,
que por dias, meses e anos,
aprisionados às sombras não crescem.
 
Naldo Velho

''Uma palavra de amor''


Não existem estradas
de se caminhar desatento.
Toda trajetória tem sua história,
cada pedaço de chão, suas memórias.
Só nos resta tentar perceber.

Não existem pedras
lapidadas por dentro.
Todo o diamante translúcido agora,
já foi opaco num tempo,
pois qualquer pedra
tem uma alma por dentro.
Só nos resta fazer por merecer.

Não existem terras
impróprias ao semeio,
até as áridas e escuras
fartas de inquietude e loucura,
um dia serão apropriadas,
e sementes de sonho
ali germinarão.
Pois haverá sempre
um poema a ser escrito,
um resgate de um proscrito
uma pedra a ser polida,
um caminho de construir.

Não existem almas
eternamente perdidas,
ainda que sejam muitos os abismos,
haverá sempre ao seu tempo,
caminhos de ir e de vir.
E por eles certamente,
um sorriso amigo,
um ombro acolhedor
uma palavra de amor.


Naldo Velho

sábado, 12 de outubro de 2013



Feliz aquele que mesmo não tido uma infância feliz, soube livrar-se dos grilhões do passado, e transmitir perdão, amor, compreensão e bondade para com as crianças de hoje. O futuro de todos está nas mãos e mentes de nossas crianças, preservá-las do mal, é preservar a si mesmo e a saúde de nosso universo.
Nos te saudamos, criança do mundo, criança futuro.

Anna Carlini
-1949-

terça-feira, 8 de outubro de 2013

''A magia''

Eu venho desse reino generoso,
onde os homens que nascem dos seus verdes
continuam cativos esquecidos
e contudo profundamente irmãos
das coisas poderosas, permanentes
como as águas, os ventos e a esperança.

Vem ver comigo o rio e as suas leis.
Vem aprender a ciência dos rebojos,
vem escutar os cânticos noturnos
no mágico silêncio do igapó
coberto por estrelas de esmeralda.

Thiago de Mello,
em "Mormaço na floresta", 1981.