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Hoje,
quero despir-me de lembranças acres,
esvaziar minh'alma das saudades.
E embebedar-me do frescor nascente
no sopro da manhã que,
além,
me espreita;
seja passado esse cinzento encanto,
do qual não tive a bênção da colheita.
Hoje,
quero dos verdes o mais puro veio,
para tecer sonhares de porvir.
Semente em cio, no morno da terra,
em mim renasce o cantar bendito
da vida, em gestação de um infinito...
Do céu que surge azul,
dentro de mim.
Patrícia Neme
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