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terça-feira, 3 de setembro de 2013

''SAUDADE''


Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.

À noite quando em funda soledade
Minh'alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.

E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,

Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.

[Augusto dos Anjos]


- Primeiro soneto de Augusto dos Anjos a ser publicado em um periódico em 1900- 

Um comentário:

Venâncio Wagner disse...

Augusto dos Anjos era certamente um desses poetas que,por ser hipersensível à dor humana, conseguia traduzí-la em palavras como poucos.Em sua solidão(e geralmente sofremos sozinhos nossas dores)ele usava a arte como catarse,como muleta que lhe possibilitava viver nesse mundo,ainda que claudicando,poque,enquanto há esperança,teimamos em viver.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

''SAUDADE''


Hoje que a mágoa me apunhala o seio,
E o coração me rasga atroz, imensa,
Eu a bendigo da descrença em meio,
Porque eu hoje só vivo da descrença.

À noite quando em funda soledade
Minh'alma se recolhe tristemente,
Pra iluminar-me a alma descontente,
Se acende o círio triste da Saudade.

E assim afeito às mágoas e ao tormento,
E à dor e ao sofrimento eterno afeito,
Para dar vida à dor e ao sofrimento,

Da saudade na campa enegrecida
Guardo a lembrança que me sangra o peito,
Mas que no entanto me alimenta a vida.

[Augusto dos Anjos]


- Primeiro soneto de Augusto dos Anjos a ser publicado em um periódico em 1900- 

Um comentário:

Venâncio Wagner disse...

Augusto dos Anjos era certamente um desses poetas que,por ser hipersensível à dor humana, conseguia traduzí-la em palavras como poucos.Em sua solidão(e geralmente sofremos sozinhos nossas dores)ele usava a arte como catarse,como muleta que lhe possibilitava viver nesse mundo,ainda que claudicando,poque,enquanto há esperança,teimamos em viver.