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terça-feira, 3 de setembro de 2013

''Felicidade''

Meus olhos, de tanto refletirem a paisagem,
já devem também ter ficado verdes,
porque meus lábios estão me segredando
palavras de esperança,

Mas, eis que eu, andarengo e triste,
de súbito estremeço vendo, lá embaixo,
na aba de um serro todo penteado,
à porta da casa que roseiras tentaculam de flores,
um casal de colonos lavradores enlaçados
acenando, acenando para o trem...

Que ingenuidade naqueles gestos simples!
Quanta bondade sem interesse
naquele “boa viagem”que eles dizem com as mãos!...

Pureza... Tranqüilidade... Saúde... Solidão...

Sinto um desejo louco de sair gritando:
— Achei-a! achei-a! EiL-a — a Felicidade!


- Augusto Meyer,
 em “Poesias (1922-1955)".
Rio de Janeiro: Livraria São José, 1957.

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terça-feira, 3 de setembro de 2013

''Felicidade''

Meus olhos, de tanto refletirem a paisagem,
já devem também ter ficado verdes,
porque meus lábios estão me segredando
palavras de esperança,

Mas, eis que eu, andarengo e triste,
de súbito estremeço vendo, lá embaixo,
na aba de um serro todo penteado,
à porta da casa que roseiras tentaculam de flores,
um casal de colonos lavradores enlaçados
acenando, acenando para o trem...

Que ingenuidade naqueles gestos simples!
Quanta bondade sem interesse
naquele “boa viagem”que eles dizem com as mãos!...

Pureza... Tranqüilidade... Saúde... Solidão...

Sinto um desejo louco de sair gritando:
— Achei-a! achei-a! EiL-a — a Felicidade!


- Augusto Meyer,
 em “Poesias (1922-1955)".
Rio de Janeiro: Livraria São José, 1957.

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