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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

CARTA A UMA AMIGA


CARTA A UMA AMIGA

Para Iraci Gentilli

É preciso cuidado. muito cuidado,excessivo cuidado!

Dois olhos não bastam para açambarcar o céu.
Nem a terra cabe em nossas mãos de fome.

Teremos rosas de cobalto?
Teremos alvoradas de amor?
Ah! Amiga, a bagagem das indagações:
vai nela um vasto desejo de dialogar.
Alguma coisa será, da qual faremos parte.
Um exército, quem sabe, para plantar.

Tens razão:
é preciso alegrar a geração de gritos no caule
e botões na periferia.
O mundo tantas vezes parece um prédio inacabado
com algumas ervas,
com alguns montes
e, tantas vezes,
a flor espargida de um mistério.

Não falam sempre
que é preciso um grampo para prender cabelos?
Não alertam sempre
contra o fruto que desaba de seu posto de vida
para crescer no chão?
E nós perplexos, sempre perplexos,
ante a faixa de isolamento de todos,
ante a mudez dos rostos
quando se fala da necessidade de massacrar
e massacrar com amor,
ante difícil viver
viver real
entre as coisas.

É preciso cuidado, muito cuidado, excessivo cuidado!

Lindolf Bell
In ‘Incorporação’

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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

CARTA A UMA AMIGA


CARTA A UMA AMIGA

Para Iraci Gentilli

É preciso cuidado. muito cuidado,excessivo cuidado!

Dois olhos não bastam para açambarcar o céu.
Nem a terra cabe em nossas mãos de fome.

Teremos rosas de cobalto?
Teremos alvoradas de amor?
Ah! Amiga, a bagagem das indagações:
vai nela um vasto desejo de dialogar.
Alguma coisa será, da qual faremos parte.
Um exército, quem sabe, para plantar.

Tens razão:
é preciso alegrar a geração de gritos no caule
e botões na periferia.
O mundo tantas vezes parece um prédio inacabado
com algumas ervas,
com alguns montes
e, tantas vezes,
a flor espargida de um mistério.

Não falam sempre
que é preciso um grampo para prender cabelos?
Não alertam sempre
contra o fruto que desaba de seu posto de vida
para crescer no chão?
E nós perplexos, sempre perplexos,
ante a faixa de isolamento de todos,
ante a mudez dos rostos
quando se fala da necessidade de massacrar
e massacrar com amor,
ante difícil viver
viver real
entre as coisas.

É preciso cuidado, muito cuidado, excessivo cuidado!

Lindolf Bell
In ‘Incorporação’

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