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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

'TÉDIO'


Tudo se acaba aos nossos olhos perto
Numa brancura que de ver nos cansa,
Como se então de névoas um deserto
Se abrisse assim sem luz nem esperança.

E nessa névoa que nos deixa incerto
E num abismo sem sentir nos lança,
Como se o olhar se visse então coberto
Sentimos se apagar nossa lembrança.

Sentimos um torpor indefinido,
Um vago sentimento adormecido
Como da morte as frias mãos felinas.


E nesse triste desalento infindo
De todo o céu sentimos ir fluindo
Neblinas e neblinas e neblinas...


Saturnino de Meireles
De Astros mortos (1903)

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sexta-feira, 10 de setembro de 2010

'TÉDIO'


Tudo se acaba aos nossos olhos perto
Numa brancura que de ver nos cansa,
Como se então de névoas um deserto
Se abrisse assim sem luz nem esperança.

E nessa névoa que nos deixa incerto
E num abismo sem sentir nos lança,
Como se o olhar se visse então coberto
Sentimos se apagar nossa lembrança.

Sentimos um torpor indefinido,
Um vago sentimento adormecido
Como da morte as frias mãos felinas.


E nesse triste desalento infindo
De todo o céu sentimos ir fluindo
Neblinas e neblinas e neblinas...


Saturnino de Meireles
De Astros mortos (1903)

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