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quarta-feira, 25 de março de 2009
O ESPELHO
Embrenhei-me na selva dos sentidos
à procura de um espelho
que me ofertasse paz e poesia
em ninho de tempo oculto.
Espelho só meu
sem mancha ou distorções
puro brunido ensimesmado,
de ver-me todo num bater de pálpebra,
a realidade numa só figura.
Procurei-o na terra do sem-fim
remota e noturna
onde tudo o que há principia.
Procurei-o nos desvãos das matas,
oculto sob as pérolas do orvalho
no filete de água que murmura
antecipando o reboar do oceano.
Procurei-o no sol, nas nuvens,
no vôo errante das aves
na terra gorda que tudo absorve,
nas teias, nos ninhos, nas colmeias.
E o espelho foi surgindo no meu peito
à medida da angústia e da procura,
espelho igual aos demais espelhos.
Miguel Reale
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quarta-feira, 25 de março de 2009
O ESPELHO
Embrenhei-me na selva dos sentidos
à procura de um espelho
que me ofertasse paz e poesia
em ninho de tempo oculto.
Espelho só meu
sem mancha ou distorções
puro brunido ensimesmado,
de ver-me todo num bater de pálpebra,
a realidade numa só figura.
Procurei-o na terra do sem-fim
remota e noturna
onde tudo o que há principia.
Procurei-o nos desvãos das matas,
oculto sob as pérolas do orvalho
no filete de água que murmura
antecipando o reboar do oceano.
Procurei-o no sol, nas nuvens,
no vôo errante das aves
na terra gorda que tudo absorve,
nas teias, nos ninhos, nas colmeias.
E o espelho foi surgindo no meu peito
à medida da angústia e da procura,
espelho igual aos demais espelhos.
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