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Apesar do teu fundo olhar agonizante,
E dos esgares dos teus últimos arrancos,
E das rugas que tens sobre o morto semblante,
Alma coroada de hibernais cabelos brancos:
Apesar, e talvez por causa disso, diante
De ti houve alguém pasmo, a contemplar-te os flancos
Estrelados, e o manto às virações flutuantes,
E todo esse pavor dos teus olhos estancos...
Mirou-se de alto a baixo, e teve, como tantos,
Um olhar de piedade imortal que te esconde
Em ritmos (até hoje) incessantes de prantos.
Compreendeu-se talvez, pobre alma de remansos
Quietos e tristes, lago imenso que se expande
Para além, para além, cheio de cisnes mansos...
Alphonsus de Guimaraens
in “Poesia Completa” de Alphonsus de Guimaraens,
Editora Nova Aguiar
Um comentário:
Belíssimo soneto amiga, muito profundo. Ótima escolha, Maravilha!
Beijos e fique com DEUS.
Furtado.
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