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Na carícia de místico segredo
vivia humilde como flor na gruta,
quando, a medo,
deixei o meu refúgio e o alvo manto
de meu pranto,
para confiar-te a triste calma
de minha alma.
Enfeitei toda a casa de guirlandas
como um presépio, e tremulo te disse
coisas brandas,
querendo unir a sombra dos meus olhos
aos teus olhos,
nesse tímido amor que é a beleza
da tristeza.
Mas quando te conheci que criado havia
nas linhas do teu corpo a branca estátua
da poesia,
riste ... enquanto aos meus olhos rasos de água
pela mágoa
vagava alguém num barco pelas brumas:
o amor resignado entre a ironia
das espumas.
Miguel Reale
In: 'Poemas do Amor e do Tempo'
Um comentário:
Grande Jurista e grande Poeta!
Belo poema...
Sds!
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