Seja bem-vindo. Hoje é
domingo, 2 de agosto de 2009
“Os objetos”
As coisas monótonas repetem-se ao clima habitual:
um retângulo de janela, um cinzeiro, uma bilha, a paisagem
(algumas vezes o céu administra pássaros que, ao
instalar-se no espaço, anunciam outra imagem).
Apelo às lâmpadas domesticadas, cuja luz
intervém em meu procedimento mínimo e forte.
Mas os objetos têm uma certa serenidade que produz
em tempo disponível, n’alma, os pânicos da morte.
Vejo-os diários, metódicos, sólidos e agressivos,
por sua íntima certeza de símbolos urgentes
dominando o real absurdo, onde trazem, cativos,
os abstratos homens, ilógicos e impotentes.
Sou a única atitude na inércia das pedras mortas
reciprocamente solidárias, a transcorrer.
E já me resta apenas o recurso de cerrar todas as portas
aguardando a ideal identificação: morrer.
Lago Burnett
(Maranhão- 1929-1995)
Assinar:
Postar comentários (Atom)
domingo, 2 de agosto de 2009
“Os objetos”
As coisas monótonas repetem-se ao clima habitual:
um retângulo de janela, um cinzeiro, uma bilha, a paisagem
(algumas vezes o céu administra pássaros que, ao
instalar-se no espaço, anunciam outra imagem).
Apelo às lâmpadas domesticadas, cuja luz
intervém em meu procedimento mínimo e forte.
Mas os objetos têm uma certa serenidade que produz
em tempo disponível, n’alma, os pânicos da morte.
Vejo-os diários, metódicos, sólidos e agressivos,
por sua íntima certeza de símbolos urgentes
dominando o real absurdo, onde trazem, cativos,
os abstratos homens, ilógicos e impotentes.
Sou a única atitude na inércia das pedras mortas
reciprocamente solidárias, a transcorrer.
E já me resta apenas o recurso de cerrar todas as portas
aguardando a ideal identificação: morrer.
Lago Burnett
(Maranhão- 1929-1995)
Marcadores:
Lago Burnett
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário