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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Josué Guimarães
Lembrança pela passagem do aniversário, do grande escritor gaúcho, Josué Guimarães.
Josué Guimarães (RS, 1921-1986) é considerado um dos grandes escritores brasileiros do século XX, tendo deixado uma obra fundamental como romancista, jornalista e autor de histórias infantis e infanto-juvenis.
Josué Marques Guimarães nasceu em São Jerônimo, no Rio Grande do Sul, em 7 de janeiro de 1921.
No ano seguinte sua família mudou-se para a cidade de Rosário do Sul, na fronteira com o Uruguai, onde seu pai, um pastor da Igreja Episcopal Brasileira, exercia as funções de telegrafista. Após a Revolução de 30 sua família foi para Porto Alegre, onde Josué Guimarães prosseguiu os estudos primários, completando o curso secundário no Ginásio Cru¬zeiro do Sul, mesma escola onde estudou o escritor Erico Verissimo. Ali funda o Grêmio Literário Humberto de Campos, participando ativamente na redação de artigos para o jornal da escola e, igualmente, na produção de textos teatrais que, a cada final de ano, passam a ser encenados na escola. Forma-se em 1938, no curso secundário (hoje ensino médio), prestando em seguida exames para a Faculdade de Medicina. Contudo, após as primeiras aulas de anatomia, sente-se "desestimulado" para dar continuidade àquela vocação. Sempre irrequieto, Josué buscou outros ares.
Em 1939 foi para o Rio de Janeiro onde, no Correio da Manhã, iniciou-se na profissão de jornalista, que exerceria até o final da sua vida. Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra, voltou para o Rio Grande, onde concluiu o curso de oficial da reserva, sendo designado para servir como aspirante no 7° R.C.I. em Santana do Livramento. Em 1940, aos dezenove anos de idade, casou-se com Zilda Marques. Desse matrimônio, nasceram quatro filhos: Marília, Elaine, Jaime e Sônia. Por ser casado, foi recusado como voluntário na FEB (Força Expedicionária Brasileira).
Em 1944, de volta à imprensa no Diário de Notícias, seguiu na carreira que o faria passar pelos principais jornais e revistas do país. É nesse jornal que o escritor manteve uma coluna assinada sob o pseudônimo de D. Xicote, a qual tinha por característica principal dar um tratamento irônico aos acontecimentos políticos da época. O próprio Josué se encarregava da elaboração das ilustrações, dos desenhos e das caricaturas da coluna. Mais tarde, a coluna D. Xicote reapareceu no jornal A Hora, de Porto Alegre, explorando modernos recursos gráficos e montagens fotográficas.
Trabalhou em inúmeras funções, de repórter a diretor de jornal, passando por secretário de redação, colunista, comentarista, cronista, edi¬to¬rialista, ilustrador, diagramador e repórter político. Em 1948, deixou o Diário de Notícias para exercer a função de repórter exclusivo e correspondente da revista O Cruzeiro no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. Em 1949, colabora na revista Quixote nº 4, com a crônica "Sangue e Pó de Arroz". Essa publicação de Porto Alegre divulgou, por um longo período, nomes da literatura rio-grandense, renovando o cenário regional. Sempre atento aos fatos políticos, sociais e econômicos, nacionais ou internacionais, Josué criou um jornal, às próprias custas, cujo objetivo, segundo o escritor, não era ser um jornal de humor, mas igualmente não se tratava de um jornal sério, o periódico se chamava D. Xicote.
Atuou como correspondente especial no Extremo Oriente em 1952 (União Soviética e China Continental) e de 1974 a 1976 como correspondente da empresa jornalística Caldas Júnior em Portugal e África. Foi o primeiro jornalista brasileiro a ingressar na China Continental e na URSS como correspondente especial da Última Hora, do Rio de Janeiro, dirigido por Samuel Weiner. Ainda nessa época, Josué Guimarães escreveu o livro de viagem As muralhas de Jericó (L&PM).
No jornal Folha da Tarde, em 1954, o escritor lançou uma coluna que assinava com o pseudônimo D.Camilo. Nesse mesmo ano, passou a exercer as funções de subsecretário do jornal A Hora. Ali revolucionou o jornalismo gaúcho ao lado do então diagramador Xico Stockinger. Em 1956, trabalhou como redator da agência de propaganda MPM. Em meio a essa atividade, continuou, em momentos de recolhimento, com a produção de contos e crônicas. Em 1957, foi chamado por Assis Chateaubriand ao Rio de Janeiro para reestruturar o vespertino carioca Diário da Noite, órgão dos Diários Associados.
Como homem público foi chefe de gabinete de João Goulart na Secretaria de Justiça do Rio Grande, governo Ernesto Dornelles; foi vereador em Porto Alegre pela bancada do PTB, sendo eleito vice-presidente da Câmara. De 1961 até 1964 foi diretor da Agência Nacional, hoje Empresa Brasileira de Notícias, a convite do então presidente João Goulart. A partir de 1964, perseguido pelo regime autoritário, foi obrigado a escrever sob pseudônimo e a dar consultoria para empresas privadas nas áreas comercial e publicitária.
Josué Guimarães lançou-se tardiamente – aos 49 anos – no ofício que o consagraria como um dos maiores escritores do país. Seu primeiro livro foi Os Ladrões, reunindo contos, entre os quais o conto que dá nome ao livro, premiado no então importante Concurso de Contos do Paraná (este concurso promovido pelo Governo do Paraná foi, nas décadas de 60 e 70, o mais importante concurso literário do país, consagrando e lançando autores como Rubem Fonseca, Dalton Trevisan, João Antônio, além de muitos outros).
Em 1969, foi descoberto pelos órgãos de segurança da ditadura militar, respondendo a inquérito em liberdade. Retorna à capital gaúcha. Nesse mesmo período foi premiado no II Concurso de Contos do Estado do Paraná pelo conjunto de três contos "João do Rosário", "Mãos sujas de terra" e "O princípio e o fim", que posteriormente integrariam o livro Os ladrões. A essa época sua mulher e companheira é Nydia Moojem, com quem viveu até sua morte. Com ela teve dois filhos, Rodrigo e Adriana.
Sua obra – escrita em pouco menos de 20 anos – destaca-se como um acervo importante e fundamental. Democrata e humanista ferrenho, Josué Guimarães foi sistematicamente perseguido pela ditadura e os poderosos de plantão, mantendo uma admirável coerência que acabou por alijá-lo do meio cultural oficial. Depois de Erico Verissimo é, sem dúvida, o escritor mais importante da história recente do Rio Grande e um dos mais influentes e importantes do país. A ferro e fogo I (Tempo de Solidão) e A ferro e fogo II (Tempo de Guerra) – deixou o terceiro e último volume (Tempo de Angústia) inconcluso – são romances clássicos da literatura brasileira e sua obra-prima, as únicas obras de ficção realmente importantes que abordam a saga da colonização alemã no Brasil. A tão sonhada trilogia, que Josué não conseguiu concluir, é um romance de enorme dimensão artística, pela construção de seus personagens, emoção da trama e a dureza dos tempos que como poucos ele soube retratar com emocionante realismo. Dentro da vertente do romance histórico, Josué voltaria ao tema em Camilo Mortágua, fazendo um verdadeiro corte na sociedade gaúcha pós-rural, inaugurando uma trilha que mais tarde seria seguida por outros bons autores.
Seu livro Dona Anja foi traduzido para o espanhol e publicado pela Edivisión Editoriales, México, sob o título de Doña Angela.
Jousé Guimarães morreu no dia 23 de março de 1986.
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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
Josué Guimarães
Lembrança pela passagem do aniversário, do grande escritor gaúcho, Josué Guimarães.
Josué Guimarães (RS, 1921-1986) é considerado um dos grandes escritores brasileiros do século XX, tendo deixado uma obra fundamental como romancista, jornalista e autor de histórias infantis e infanto-juvenis.
Josué Marques Guimarães nasceu em São Jerônimo, no Rio Grande do Sul, em 7 de janeiro de 1921.
No ano seguinte sua família mudou-se para a cidade de Rosário do Sul, na fronteira com o Uruguai, onde seu pai, um pastor da Igreja Episcopal Brasileira, exercia as funções de telegrafista. Após a Revolução de 30 sua família foi para Porto Alegre, onde Josué Guimarães prosseguiu os estudos primários, completando o curso secundário no Ginásio Cru¬zeiro do Sul, mesma escola onde estudou o escritor Erico Verissimo. Ali funda o Grêmio Literário Humberto de Campos, participando ativamente na redação de artigos para o jornal da escola e, igualmente, na produção de textos teatrais que, a cada final de ano, passam a ser encenados na escola. Forma-se em 1938, no curso secundário (hoje ensino médio), prestando em seguida exames para a Faculdade de Medicina. Contudo, após as primeiras aulas de anatomia, sente-se "desestimulado" para dar continuidade àquela vocação. Sempre irrequieto, Josué buscou outros ares.
Em 1939 foi para o Rio de Janeiro onde, no Correio da Manhã, iniciou-se na profissão de jornalista, que exerceria até o final da sua vida. Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra, voltou para o Rio Grande, onde concluiu o curso de oficial da reserva, sendo designado para servir como aspirante no 7° R.C.I. em Santana do Livramento. Em 1940, aos dezenove anos de idade, casou-se com Zilda Marques. Desse matrimônio, nasceram quatro filhos: Marília, Elaine, Jaime e Sônia. Por ser casado, foi recusado como voluntário na FEB (Força Expedicionária Brasileira).
Em 1944, de volta à imprensa no Diário de Notícias, seguiu na carreira que o faria passar pelos principais jornais e revistas do país. É nesse jornal que o escritor manteve uma coluna assinada sob o pseudônimo de D. Xicote, a qual tinha por característica principal dar um tratamento irônico aos acontecimentos políticos da época. O próprio Josué se encarregava da elaboração das ilustrações, dos desenhos e das caricaturas da coluna. Mais tarde, a coluna D. Xicote reapareceu no jornal A Hora, de Porto Alegre, explorando modernos recursos gráficos e montagens fotográficas.
Trabalhou em inúmeras funções, de repórter a diretor de jornal, passando por secretário de redação, colunista, comentarista, cronista, edi¬to¬rialista, ilustrador, diagramador e repórter político. Em 1948, deixou o Diário de Notícias para exercer a função de repórter exclusivo e correspondente da revista O Cruzeiro no Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina. Em 1949, colabora na revista Quixote nº 4, com a crônica "Sangue e Pó de Arroz". Essa publicação de Porto Alegre divulgou, por um longo período, nomes da literatura rio-grandense, renovando o cenário regional. Sempre atento aos fatos políticos, sociais e econômicos, nacionais ou internacionais, Josué criou um jornal, às próprias custas, cujo objetivo, segundo o escritor, não era ser um jornal de humor, mas igualmente não se tratava de um jornal sério, o periódico se chamava D. Xicote.
Atuou como correspondente especial no Extremo Oriente em 1952 (União Soviética e China Continental) e de 1974 a 1976 como correspondente da empresa jornalística Caldas Júnior em Portugal e África. Foi o primeiro jornalista brasileiro a ingressar na China Continental e na URSS como correspondente especial da Última Hora, do Rio de Janeiro, dirigido por Samuel Weiner. Ainda nessa época, Josué Guimarães escreveu o livro de viagem As muralhas de Jericó (L&PM).
No jornal Folha da Tarde, em 1954, o escritor lançou uma coluna que assinava com o pseudônimo D.Camilo. Nesse mesmo ano, passou a exercer as funções de subsecretário do jornal A Hora. Ali revolucionou o jornalismo gaúcho ao lado do então diagramador Xico Stockinger. Em 1956, trabalhou como redator da agência de propaganda MPM. Em meio a essa atividade, continuou, em momentos de recolhimento, com a produção de contos e crônicas. Em 1957, foi chamado por Assis Chateaubriand ao Rio de Janeiro para reestruturar o vespertino carioca Diário da Noite, órgão dos Diários Associados.
Como homem público foi chefe de gabinete de João Goulart na Secretaria de Justiça do Rio Grande, governo Ernesto Dornelles; foi vereador em Porto Alegre pela bancada do PTB, sendo eleito vice-presidente da Câmara. De 1961 até 1964 foi diretor da Agência Nacional, hoje Empresa Brasileira de Notícias, a convite do então presidente João Goulart. A partir de 1964, perseguido pelo regime autoritário, foi obrigado a escrever sob pseudônimo e a dar consultoria para empresas privadas nas áreas comercial e publicitária.
Josué Guimarães lançou-se tardiamente – aos 49 anos – no ofício que o consagraria como um dos maiores escritores do país. Seu primeiro livro foi Os Ladrões, reunindo contos, entre os quais o conto que dá nome ao livro, premiado no então importante Concurso de Contos do Paraná (este concurso promovido pelo Governo do Paraná foi, nas décadas de 60 e 70, o mais importante concurso literário do país, consagrando e lançando autores como Rubem Fonseca, Dalton Trevisan, João Antônio, além de muitos outros).
Em 1969, foi descoberto pelos órgãos de segurança da ditadura militar, respondendo a inquérito em liberdade. Retorna à capital gaúcha. Nesse mesmo período foi premiado no II Concurso de Contos do Estado do Paraná pelo conjunto de três contos "João do Rosário", "Mãos sujas de terra" e "O princípio e o fim", que posteriormente integrariam o livro Os ladrões. A essa época sua mulher e companheira é Nydia Moojem, com quem viveu até sua morte. Com ela teve dois filhos, Rodrigo e Adriana.
Sua obra – escrita em pouco menos de 20 anos – destaca-se como um acervo importante e fundamental. Democrata e humanista ferrenho, Josué Guimarães foi sistematicamente perseguido pela ditadura e os poderosos de plantão, mantendo uma admirável coerência que acabou por alijá-lo do meio cultural oficial. Depois de Erico Verissimo é, sem dúvida, o escritor mais importante da história recente do Rio Grande e um dos mais influentes e importantes do país. A ferro e fogo I (Tempo de Solidão) e A ferro e fogo II (Tempo de Guerra) – deixou o terceiro e último volume (Tempo de Angústia) inconcluso – são romances clássicos da literatura brasileira e sua obra-prima, as únicas obras de ficção realmente importantes que abordam a saga da colonização alemã no Brasil. A tão sonhada trilogia, que Josué não conseguiu concluir, é um romance de enorme dimensão artística, pela construção de seus personagens, emoção da trama e a dureza dos tempos que como poucos ele soube retratar com emocionante realismo. Dentro da vertente do romance histórico, Josué voltaria ao tema em Camilo Mortágua, fazendo um verdadeiro corte na sociedade gaúcha pós-rural, inaugurando uma trilha que mais tarde seria seguida por outros bons autores.
Seu livro Dona Anja foi traduzido para o espanhol e publicado pela Edivisión Editoriales, México, sob o título de Doña Angela.
Jousé Guimarães morreu no dia 23 de março de 1986.
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3 comentários:
- Caraminholas de Carol disse...
-
Olá! Queria só complementar:Ele é meu tio avô ( casou-se com minha tia avó Nídia) e teve mais dois filhos,Rodrigo e Adriana,meus primos!
Pessoas muito importantes na minha vida.
Att,
Ana Carolina. - quarta-feira, agosto 29, 2012
- Caraminholas de Carol disse...
-
Olá!
Gostaria somente de complementar que ele foi casado, até a sua morte, com Nídia( minha tia avó ) e que tiveram mais dois filhos: Rodrigo e Adriana (meus primos).Pessoas importantes na minha vida.
Att,
Ana Carolina. - quarta-feira, agosto 29, 2012
- Caraminholas de Carol disse...
-
Olá !
Gostaria de complementar que ele foi casado, até a sua morte, com Nídia (minha tia avó) e que tiveram dois filhos: Rodrigo e Adriana( meus primos).Pessoas importantes na minha vida.
Att,
Ana Carolina. - quarta-feira, agosto 29, 2012
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3 comentários:
Olá! Queria só complementar:Ele é meu tio avô ( casou-se com minha tia avó Nídia) e teve mais dois filhos,Rodrigo e Adriana,meus primos!
Pessoas muito importantes na minha vida.
Att,
Ana Carolina.
Olá!
Gostaria somente de complementar que ele foi casado, até a sua morte, com Nídia( minha tia avó ) e que tiveram mais dois filhos: Rodrigo e Adriana (meus primos).Pessoas importantes na minha vida.
Att,
Ana Carolina.
Olá !
Gostaria de complementar que ele foi casado, até a sua morte, com Nídia (minha tia avó) e que tiveram dois filhos: Rodrigo e Adriana( meus primos).Pessoas importantes na minha vida.
Att,
Ana Carolina.
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