I
Não que eu saiba tanto assim,
ou que menos me importe saber:
Há quantos, exatos incríveis anos,
não tomo um copo de cólera?
II
Não que me caiba aventar aqui,
quão mal me comporte ou sobreviva ali.
Ou arguir: Qual a veríssima idade
das algas, estrelas, pedras - da Luz?
Vez que tantos diferem de mim,
em tanta alegria ou tão pouca sorte,
qual a estival infame verdade do Tempo?
III
Sei, talvez suficiente, da noite, das luas,
dos rios e vaidades; do distraído
conviver com a morte – severa amante,
pão nosso primo de cada dia.
Conheço suas mais íntimas, venais,
profundas entranhas; becos, vielas e ruas
E elas, todas, muito mais sabem de mim!
IV
Sei, da madrugada, o estuário das manhas
- malditas e surdas; a densa voz de cada cidade:
A farsa inteira – crua, da servil tempestade
com que profana e abafa a viva manhã!
V
Do dia, mares, amor e sol, já soube
- e quis - mais.
Hoje, bem pouco sei. Mas o que sei me basta.
É este parco, velho, provável falso saber
que alimenta meu viver.
(Amanhã será outra noite!)
*Jairo De Britto, em
"Dunas de Marfim"
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