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sexta-feira, 29 de maio de 2009
RENASCER
No teu olhar vejo prenúncio de alvorada,
canto de pássaros... O sol... A brisa amena...
A relva verde... O rio manso... Até a estrada
de onde a esperança, enternecida, a mim, acena.
No teu olhar de mil paixões... Ventura plena?
Perco meu norte... Sou quem sou... Ou não sou nada?
Olhos que juram vida em paz, simples, serena...
E me sussurram aventura não pensada.
No teu olhar... Sonho... Delírio... Insanidade?
Como saber se és ilusão... Ou se és verdade?
Se creio, arrisco... Se desisto... O que fazer?
Como eu quisera mergulhar nessa promessa
e palmilhar teu coração, sem medo ou pressa...
No teu olhar, viver, morrer... E renascer!
- Patricia Neme -
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Conselho
Hás-de ver castelos no ar,
E Belas-Adormecidas,
E filtros de envenenar,
E riquezas escondidas.
Hás-de ver dragões raivosos,
E gênios bons, e maus reis,
E dias maravilhosos
Com sabor de Era uma vez.
Vive as horas deslumbrantes.
Esquece as das aflições.
Admira sempre os gigantes
E tem pena dos anões.
Stella Leonardos
in: Pedaço de Madrugada
(Rio de janeiro-1923)
Egocêntrica
Sinto a vida correr
como um artista
que entra no palco
ao encontro das multidões
Combato o que sonho,
perco-me e me acho
não tendo o quê
nem o porquê
Sou o fim do início,
o ateu com fé
não tenho rimas , nem versos
sacio a vontade de viver
e chego como criança aos teus olhos
que me indagam sem nada ver
Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 26/05/09
Código do Texto: T1615106
RENDIÇÃO
Como quem frustra uma dor
é que eu te entrego uma flor
que em mim havias deixado.
Não quero que me devolvas
a tua flor entre outras coisas
que me arrancas do passado.
Seja quando ou onde eu for
lá já esteve um fausto amor
não que o tivesses plantado.
Não quero que me devolvas
teu amor entre outras coisas
que bem pouco tens amado.
Mesmo tão incompreendido
se tens dor do amor perdido
eu te dou um já encontrado.
Afonso Estebanez
segunda-feira, 25 de maio de 2009
NÃO CALO!
Se eu não falar da rosa... Qual o tema
que me há-de conduzir à eternidade?
Eu sei, já percebi... Há quem a tema...
Talvez por viver longe da verdade.
Em meio ao roseiral, a paz é extrema,
o mundo é mansidão, fraternidade.
Em cada reflorir... Novo poema...
Mais um canto de amor... E de humildade!
Porque o amor é simples, tão sereno,
eleva à plenitude o que é pequeno,
transforma a vida em êxtase sem fim.
Se eu me calar agora, miserere!
Se eu abafar o canto... Ele me fere...
Se emudecer... O que vai ser de mim?
- Patricia Neme -
Canção para um desencontro
Deixa-me errar alguma vez,
porque também sou isso: incerta e dura,
e ansiosa de não te perder agora que entrevejo
um horizonte.
Deixa-me errar e me compreende,
porque se faço mal é por querer-te
desta maneira tola, e tonta, eternamente
recomeçando a cada dia como num descobrimento
dos teus territórios de carne e sonho, dos teus
desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões,
e dessa escadaria de tua alma.
Deixa-me errar mas não me soltes
para que eu não me perca
deste tênue fio de alegria
dos sustos do amor que se repetem
enquanto houver entre nós essa magia.
Lya Luft
In: Secreta Mirada
SONETO DA CONTRADIÇÃO
O tempo de calar está maduro.
Sobre a trama incompleta dos minutos
o óleo do tédio escorre espesso e escuro
na emanação secreta de outros lutos.
Morte? Não é. A flor arde no muro,
dádiva subsolar. E, resolutos,
passos passados soam no futuro.
A vida flui-reflui em seus astutos
engodos de ir e vir, mas duplicados
na alma dúplice e vária, inda que ágil
entre as sombras dos túmulos caiados;
e a música das horas silenciosas
reaviva no tempo o encanto frágil
do amor, das madrugadas e das rosas.
Waldemar Lopes
In: Cinza de Estrelas
SONETO DO TRANSITÓRIO
Esta visão do tempo evanescente
o mistério de tudo denuncia:
sentimento do efêmero, pungente
apego ao que se esvai, lenta agonia
se a dor do transitório cinge a mente,
a alma, o ser, na crisálida sombria.
À luz morta do sonho, inconseqüente
sublimação do nada, a nostalgia
do que não foi senão sombra de ausência
na ânsia do eterno: chama transfundida
neste fluir da humana contingência
em que o tempo a si mesmo se devora
feito um breve clarão; e o dom da vida
é como um simples sopro; e se evapora...
Waldemar Lopes
In: Cinza de Estrelas
CENTÃO SIMBOLISTA
cítaras, harpas, bandolins, violinos,
mórbidos, quentes, finos, penetrantes,
carinhos, beijos, lágrimas, desvelos,
desejos, vibrações, ânsias, alentos.
mares, estrelas, tardes, natureza,
inefáveis, edênicos, aéreos,
sinistras, cabalísticas, noturnas,
esferas, gerações sonhando, passam!
sombra, segredo, lágrima, harmonia,
pálida, bela, escultural, clorótica,
atra, sinistra, gélida, tremenda,
alvo, sereno, límpido, direito,
amplo, inflamado, mágico, fecundo,
ondula, ondeia, curioso e belo.
Gilberto Mendonça Teles
In: & Cone de Sombras
Marcadores:
Gilberto Mendonça Teles
O Límpido Cristal
Que límpido o cristal de abril!... Um grito
não vai como os da noite - para os extra-mundos...
Todas as vozes, todas as palavras ditas - cigarras presas
dentro do globo azul - vão em redor do mundo
e a ninguém é preciso entender o que elas dizem;
basta aquele bordoneio profundo
que vibra com o peito de cada um...
palavras felizes de se encontrarem uma com a outra
nas solidões do mundo!
Mario Quintana
DOR
No infindo constelado
apenas rubra lua,
tecida por gotas
dos sonhos
de asas rasgadas pelo vento.
Sangue vertido
em luta desigual,
batalha inglória,
quimera dos desejos
esquecidos pela história.
Além do mais além,
ausências...
Vazios no silêncio,
almas despidas de essência...
Olhos opacos,
gestos podados,
palavra atada.
Completo é o negror
que habita o pensamento,
apenas embalado por
resquícios de lamento.
E nas veias da poeta,
sobrevive,
tão somente,
o nada!
Patricia Neme
apenas rubra lua,
tecida por gotas
dos sonhos
de asas rasgadas pelo vento.
Sangue vertido
em luta desigual,
batalha inglória,
quimera dos desejos
esquecidos pela história.
Além do mais além,
ausências...
Vazios no silêncio,
almas despidas de essência...
Olhos opacos,
gestos podados,
palavra atada.
Completo é o negror
que habita o pensamento,
apenas embalado por
resquícios de lamento.
E nas veias da poeta,
sobrevive,
tão somente,
o nada!
Patricia Neme
domingo, 24 de maio de 2009
NÃO VOU DESISTIR
ADEUS...
O adeus é vendaval, tudo embaralha...
Quem fica perde o rumo, o tino e o chão.
É como andar no corte da navalha,
sem conhecer aonde os passos vão.
No adeus, o coração tem a mortalha
e a alma se consome em solidão.
E o amor em mil lembranças se agasalha...
E o sonho se despede da emoção!
Oh, Deus, é tanta a dor que há na partida,
quem fica não mais quer a própria vida,
quem parte, leva a vida que ficou...
E os dias são tristeza e nostalgia...
E as noites um vazio... Uma agonia...
Adeus é uma esperança... Que findou!
- Patrícia Neme -
Trama
Ser refém do calendário
achando que o tempo conta
o passar diário,
que o próprio tempo desmonta,
é achar que este aponta
um momento unitário
onde o futuro é o horário
que ao passado se remonta.
O uno contém o vário,
o meio contém a ponta.
Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 24/05/09
Código do Texto: T1611644
terça-feira, 19 de maio de 2009
Do ciclo de uma Rosa
Trago em meu ser o canto do infinito,
a desfolhar-se em rosas, no jardim.
Um canto em louvação ao Ser bendito,
que fez, da rosa, a essência que há em mim!
Na terra, eu germinei, em sacro rito,
semente, planta, flor... Princípio e fim.
Embora a dor do espinho... Estava escrito:
ser rosa é o esplendor do querubim!
Se Deus gerou-me Rosa de Sarom,
e do servir à vida fez meu dom...
Para serví-Lo, sempre, é que eu existo.
Doar-me, em paz, em luz... Fraternidade...
Ser voz de independência e liberdade,
trazer no olhar, o olhar do próprio Cristo.
- Patrícia Neme -
ÚLTIMA ROSA DE SAROM
Além dos muros do meu coração aberto
os cantares das rosas que plantei no pó
são sensações das primaveras no deserto
aquém dos muros dos Jardins de Jericó.
Eu sou a Rosa de Sarom em teu desperto
coração tão infenso ao estar morto e só
em que se cumprirá o antigo manifesto
das rosas castas dos Jardins de Jericó.
Bendito quem deixou as trevas pela Luz
por ter plantado rosas no lugar da cruz
entre os canteiros dos Jardins de Jericó
de onde a última Rosa de Sarom voltou
para ascender ao Pai a rosa que restou
além dos muros dos Jardins de Jericó.
Afonso Estebanez
Renascer – A Décima Rosa
Eu me despi do fogo incandescente,
onde a paixão expande seu fulgor.
E me adornei, contrita, reverente,
com gotas orvalhadas pelo amor.
O amor... Singelo, de cantar silente...
O amor... Profundo e intenso em esplendor...
Transforma o coração duro e inclemente,
no suave despertar da rosa-flor!
Em meu caminho rumo à eternidade,
liberta dos floreios da vaidade,
no infindo roseiral terei morada.
E quando eu reflorir, por santo alento,
não mais trarei a cor do sofrimento...
Somente a paz dos tons que há na alvorada!
- Patrícia Neme -
Reencontros
Sou depois de tempos
o reflexo do teu corpo
distanciado de mim geometricamente
Revejo-me radiada
no lago dos olhos teus
que me descobrem
nas tardes sonolentas
trocadas por noites quietas e ligeiras
Ando por entre mil auroras
para encontrar-te e reassistir
a gênesis da vida
permanecendo em ti
de olhos cerrados
soletrando o silêncio
das horas que passam
Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 19/05/09
Código do Texto: T1602270
segunda-feira, 18 de maio de 2009
sexta-feira, 15 de maio de 2009
DOR
No infindo constelado
apenas rubra lua,
tecida por gotas
dos sonhos
de asas rasgadas pelo vento.
Sangue vertido
em luta desigual,
batalha inglória,
quimera dos desejos
esquecidos pela história.
Além do mais além,
ausências...
Vazios no silêncio,
almas despidas de essência...
Olhos opacos,
gestos podados,
palavra atada.
Completo é o negror
que habita o pensamento,
apenas embalado por
resquícios de lamento.
E nas veias da poeta,
sobrevive,
tão somente,
o nada!
Patrícia Neme
quarta-feira, 13 de maio de 2009
O JULGAMENTO
Submetido ao látego do julgamento
aquele homem prestava depoimento
sobre tudo o que sabia sobre a vida.
Falou de fé e esperança e caridade,
falou de fraternidade e de felicidade
e dos ideais de solidariedade humana.
E não havendo mais do que falar,
calou-se como ave que cai do céu...
E recebeu então a cruel indiferença
como sentença irrecorrível dos mortos.
De repente aquele homem tão simples
pôs-se a falar a falar a falar e a falar
COISAS DE AMOR como quem cria
na remota possibilidade dos milagres.
E aquele tribunal acabou acreditando
nele porque falou do que nem sabia.
E aquela foi a única vez em sua vida
que aquele homem falou de amor
com infinita sabedoria...
Julis Calderón
Tua magia
Deixe-me envolver na magia do teu amor,
receber a energia que ensina
o caminho deste olhar
Emanas a verdade
e tua força vital
possibilita um diálogo total
nos gestos breves que muitos falam
mas nem todos traduzo
O silêncio do teu rosto
calam palavras
tal a calma do nascer do sol
escrevendo a vida
entre a tinta e o sonho
Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 13/05/09
Código do Texto: T1591299
quarta-feira, 6 de maio de 2009
segunda-feira, 4 de maio de 2009
PAULA
Cigana, o teu dançar embala a vida,
o som do teu pandeiro anima o vento.
Teu negro olhar é luz que à paz convida,
no teu sorrir resplande o firmamento.
Cigana, mãe querida, meu alento...
Ainda me dói a dor da despedida.
Minh'alma não vê fim a esse tormento...
Sem ti, perdi meu porto de acolhida.
Contemplo o céu... Te busco... Onde andarás?
Em qual brilho de estrela, agora, estás?
Naquela que precede o Criador?
Por certo ELE te fez estrela-guia,
pois foste essência pura da alegria,
a fonte do mais verdadeiro amor!
- Mãezinha, saudade eterna. Outro domingo de tua ausência. -
Patricia
o som do teu pandeiro anima o vento.
Teu negro olhar é luz que à paz convida,
no teu sorrir resplande o firmamento.
Cigana, mãe querida, meu alento...
Ainda me dói a dor da despedida.
Minh'alma não vê fim a esse tormento...
Sem ti, perdi meu porto de acolhida.
Contemplo o céu... Te busco... Onde andarás?
Em qual brilho de estrela, agora, estás?
Naquela que precede o Criador?
Por certo ELE te fez estrela-guia,
pois foste essência pura da alegria,
a fonte do mais verdadeiro amor!
- Mãezinha, saudade eterna. Outro domingo de tua ausência. -
Patricia
PROCURA
Meu caminhar inquieto,
gitana peregrina,
andeja chão de estrelas,
buscando te encontrar.
Percorro mil estradas
do Tempo e da Memória...
Passadas tão inglórias...
Não te deixas achar.
E em frente à minha tenda,
contemplo as labaredas
das minhas mil veredas,
que esperam teu voltar.
E a lágrima na face?
É gota do luar!
- Patricia Neme -
gitana peregrina,
andeja chão de estrelas,
buscando te encontrar.
Percorro mil estradas
do Tempo e da Memória...
Passadas tão inglórias...
Não te deixas achar.
E em frente à minha tenda,
contemplo as labaredas
das minhas mil veredas,
que esperam teu voltar.
E a lágrima na face?
É gota do luar!
- Patricia Neme -
FACTUAL
Sonhando a dança
A dança não é agitação
imprevista ação musical
absorção de um instante
da humana dádiva natural
Na terra não, nas vagas
adejamos nela a pousar
a dança na aragem nos galhos
seiva, energia, eterno ficar
Ficar entre o céu e a terra
atual poder conseguido
onde tentem nossos ardores
alforria em todo o sentido
Onde o espírito possa chegar
às mais variadas paragens
sem destoar a sua persona
se sobre os mistérios sonhar
Tereza Lima Gondim
imprevista ação musical
absorção de um instante
da humana dádiva natural
Na terra não, nas vagas
adejamos nela a pousar
a dança na aragem nos galhos
seiva, energia, eterno ficar
Ficar entre o céu e a terra
atual poder conseguido
onde tentem nossos ardores
alforria em todo o sentido
Onde o espírito possa chegar
às mais variadas paragens
sem destoar a sua persona
se sobre os mistérios sonhar
Tereza Lima Gondim
Foto:Fred Astaire and Rita Hayworth
Rumo ao sumo
Disfarça, tem gente olhando.
Uns olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros, olham de banda,
lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando,
olhando ou sendo olhado.
Outros olham para baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha,
em busca do espaço perdido.
Raros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada.
Paulo Leminski
Uns olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros, olham de banda,
lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando,
olhando ou sendo olhado.
Outros olham para baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha,
em busca do espaço perdido.
Raros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada.
Paulo Leminski
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sexta-feira, 29 de maio de 2009
RENASCER
No teu olhar vejo prenúncio de alvorada,
canto de pássaros... O sol... A brisa amena...
A relva verde... O rio manso... Até a estrada
de onde a esperança, enternecida, a mim, acena.
No teu olhar de mil paixões... Ventura plena?
Perco meu norte... Sou quem sou... Ou não sou nada?
Olhos que juram vida em paz, simples, serena...
E me sussurram aventura não pensada.
No teu olhar... Sonho... Delírio... Insanidade?
Como saber se és ilusão... Ou se és verdade?
Se creio, arrisco... Se desisto... O que fazer?
Como eu quisera mergulhar nessa promessa
e palmilhar teu coração, sem medo ou pressa...
No teu olhar, viver, morrer... E renascer!
- Patricia Neme -
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Patrícia Neme
quarta-feira, 27 de maio de 2009
Conselho
Hás-de ver castelos no ar,
E Belas-Adormecidas,
E filtros de envenenar,
E riquezas escondidas.
Hás-de ver dragões raivosos,
E gênios bons, e maus reis,
E dias maravilhosos
Com sabor de Era uma vez.
Vive as horas deslumbrantes.
Esquece as das aflições.
Admira sempre os gigantes
E tem pena dos anões.
Stella Leonardos
in: Pedaço de Madrugada
(Rio de janeiro-1923)
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Stella Leonardos
Egocêntrica
Sinto a vida correr
como um artista
que entra no palco
ao encontro das multidões
Combato o que sonho,
perco-me e me acho
não tendo o quê
nem o porquê
Sou o fim do início,
o ateu com fé
não tenho rimas , nem versos
sacio a vontade de viver
e chego como criança aos teus olhos
que me indagam sem nada ver
Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 26/05/09
Código do Texto: T1615106
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Conceição Bentes
RENDIÇÃO
Como quem frustra uma dor
é que eu te entrego uma flor
que em mim havias deixado.
Não quero que me devolvas
a tua flor entre outras coisas
que me arrancas do passado.
Seja quando ou onde eu for
lá já esteve um fausto amor
não que o tivesses plantado.
Não quero que me devolvas
teu amor entre outras coisas
que bem pouco tens amado.
Mesmo tão incompreendido
se tens dor do amor perdido
eu te dou um já encontrado.
Afonso Estebanez
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Afonso Estebanez
segunda-feira, 25 de maio de 2009
NÃO CALO!
Se eu não falar da rosa... Qual o tema
que me há-de conduzir à eternidade?
Eu sei, já percebi... Há quem a tema...
Talvez por viver longe da verdade.
Em meio ao roseiral, a paz é extrema,
o mundo é mansidão, fraternidade.
Em cada reflorir... Novo poema...
Mais um canto de amor... E de humildade!
Porque o amor é simples, tão sereno,
eleva à plenitude o que é pequeno,
transforma a vida em êxtase sem fim.
Se eu me calar agora, miserere!
Se eu abafar o canto... Ele me fere...
Se emudecer... O que vai ser de mim?
- Patricia Neme -
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Patrícia Neme
Canção para um desencontro
Deixa-me errar alguma vez,
porque também sou isso: incerta e dura,
e ansiosa de não te perder agora que entrevejo
um horizonte.
Deixa-me errar e me compreende,
porque se faço mal é por querer-te
desta maneira tola, e tonta, eternamente
recomeçando a cada dia como num descobrimento
dos teus territórios de carne e sonho, dos teus
desvãos de música ou vôo, teus sótãos e porões,
e dessa escadaria de tua alma.
Deixa-me errar mas não me soltes
para que eu não me perca
deste tênue fio de alegria
dos sustos do amor que se repetem
enquanto houver entre nós essa magia.
Lya Luft
In: Secreta Mirada
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Lya Luft
SONETO DA CONTRADIÇÃO
O tempo de calar está maduro.
Sobre a trama incompleta dos minutos
o óleo do tédio escorre espesso e escuro
na emanação secreta de outros lutos.
Morte? Não é. A flor arde no muro,
dádiva subsolar. E, resolutos,
passos passados soam no futuro.
A vida flui-reflui em seus astutos
engodos de ir e vir, mas duplicados
na alma dúplice e vária, inda que ágil
entre as sombras dos túmulos caiados;
e a música das horas silenciosas
reaviva no tempo o encanto frágil
do amor, das madrugadas e das rosas.
Waldemar Lopes
In: Cinza de Estrelas
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Waldemar Lopes
SONETO DO TRANSITÓRIO
Esta visão do tempo evanescente
o mistério de tudo denuncia:
sentimento do efêmero, pungente
apego ao que se esvai, lenta agonia
se a dor do transitório cinge a mente,
a alma, o ser, na crisálida sombria.
À luz morta do sonho, inconseqüente
sublimação do nada, a nostalgia
do que não foi senão sombra de ausência
na ânsia do eterno: chama transfundida
neste fluir da humana contingência
em que o tempo a si mesmo se devora
feito um breve clarão; e o dom da vida
é como um simples sopro; e se evapora...
Waldemar Lopes
In: Cinza de Estrelas
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Waldemar Lopes
CENTÃO SIMBOLISTA
cítaras, harpas, bandolins, violinos,
mórbidos, quentes, finos, penetrantes,
carinhos, beijos, lágrimas, desvelos,
desejos, vibrações, ânsias, alentos.
mares, estrelas, tardes, natureza,
inefáveis, edênicos, aéreos,
sinistras, cabalísticas, noturnas,
esferas, gerações sonhando, passam!
sombra, segredo, lágrima, harmonia,
pálida, bela, escultural, clorótica,
atra, sinistra, gélida, tremenda,
alvo, sereno, límpido, direito,
amplo, inflamado, mágico, fecundo,
ondula, ondeia, curioso e belo.
Gilberto Mendonça Teles
In: & Cone de Sombras
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Gilberto Mendonça Teles
O Límpido Cristal
Que límpido o cristal de abril!... Um grito
não vai como os da noite - para os extra-mundos...
Todas as vozes, todas as palavras ditas - cigarras presas
dentro do globo azul - vão em redor do mundo
e a ninguém é preciso entender o que elas dizem;
basta aquele bordoneio profundo
que vibra com o peito de cada um...
palavras felizes de se encontrarem uma com a outra
nas solidões do mundo!
Mario Quintana
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Mário Quintana
DOR
No infindo constelado
apenas rubra lua,
tecida por gotas
dos sonhos
de asas rasgadas pelo vento.
Sangue vertido
em luta desigual,
batalha inglória,
quimera dos desejos
esquecidos pela história.
Além do mais além,
ausências...
Vazios no silêncio,
almas despidas de essência...
Olhos opacos,
gestos podados,
palavra atada.
Completo é o negror
que habita o pensamento,
apenas embalado por
resquícios de lamento.
E nas veias da poeta,
sobrevive,
tão somente,
o nada!
Patricia Neme
apenas rubra lua,
tecida por gotas
dos sonhos
de asas rasgadas pelo vento.
Sangue vertido
em luta desigual,
batalha inglória,
quimera dos desejos
esquecidos pela história.
Além do mais além,
ausências...
Vazios no silêncio,
almas despidas de essência...
Olhos opacos,
gestos podados,
palavra atada.
Completo é o negror
que habita o pensamento,
apenas embalado por
resquícios de lamento.
E nas veias da poeta,
sobrevive,
tão somente,
o nada!
Patricia Neme
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Patrícia Neme
domingo, 24 de maio de 2009
NÃO VOU DESISTIR
Eu não vou
desistir do amor
nem da paz
nem das rosas
nem dos sonhos
nem de ti
e nem Deus
vai desistir
de mim...
Mesmo assim
haverá
mais espinhos
de plantão
do que flores
no jardim...
Pois o resto
é a razão
de ser assim...
Afonso Estebanez
desistir do amor
nem da paz
nem das rosas
nem dos sonhos
nem de ti
e nem Deus
vai desistir
de mim...
Mesmo assim
haverá
mais espinhos
de plantão
do que flores
no jardim...
Pois o resto
é a razão
de ser assim...
Afonso Estebanez
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Afonso Estebanez
ADEUS...
O adeus é vendaval, tudo embaralha...
Quem fica perde o rumo, o tino e o chão.
É como andar no corte da navalha,
sem conhecer aonde os passos vão.
No adeus, o coração tem a mortalha
e a alma se consome em solidão.
E o amor em mil lembranças se agasalha...
E o sonho se despede da emoção!
Oh, Deus, é tanta a dor que há na partida,
quem fica não mais quer a própria vida,
quem parte, leva a vida que ficou...
E os dias são tristeza e nostalgia...
E as noites um vazio... Uma agonia...
Adeus é uma esperança... Que findou!
- Patrícia Neme -
Marcadores:
Patrícia Neme
Trama
Ser refém do calendário
achando que o tempo conta
o passar diário,
que o próprio tempo desmonta,
é achar que este aponta
um momento unitário
onde o futuro é o horário
que ao passado se remonta.
O uno contém o vário,
o meio contém a ponta.
Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 24/05/09
Código do Texto: T1611644
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Conceição Bentes
terça-feira, 19 de maio de 2009
Do ciclo de uma Rosa
Trago em meu ser o canto do infinito,
a desfolhar-se em rosas, no jardim.
Um canto em louvação ao Ser bendito,
que fez, da rosa, a essência que há em mim!
Na terra, eu germinei, em sacro rito,
semente, planta, flor... Princípio e fim.
Embora a dor do espinho... Estava escrito:
ser rosa é o esplendor do querubim!
Se Deus gerou-me Rosa de Sarom,
e do servir à vida fez meu dom...
Para serví-Lo, sempre, é que eu existo.
Doar-me, em paz, em luz... Fraternidade...
Ser voz de independência e liberdade,
trazer no olhar, o olhar do próprio Cristo.
- Patrícia Neme -
Marcadores:
Patrícia Neme
ÚLTIMA ROSA DE SAROM
Além dos muros do meu coração aberto
os cantares das rosas que plantei no pó
são sensações das primaveras no deserto
aquém dos muros dos Jardins de Jericó.
Eu sou a Rosa de Sarom em teu desperto
coração tão infenso ao estar morto e só
em que se cumprirá o antigo manifesto
das rosas castas dos Jardins de Jericó.
Bendito quem deixou as trevas pela Luz
por ter plantado rosas no lugar da cruz
entre os canteiros dos Jardins de Jericó
de onde a última Rosa de Sarom voltou
para ascender ao Pai a rosa que restou
além dos muros dos Jardins de Jericó.
Afonso Estebanez
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Afonso Estebanez
Renascer – A Décima Rosa
Eu me despi do fogo incandescente,
onde a paixão expande seu fulgor.
E me adornei, contrita, reverente,
com gotas orvalhadas pelo amor.
O amor... Singelo, de cantar silente...
O amor... Profundo e intenso em esplendor...
Transforma o coração duro e inclemente,
no suave despertar da rosa-flor!
Em meu caminho rumo à eternidade,
liberta dos floreios da vaidade,
no infindo roseiral terei morada.
E quando eu reflorir, por santo alento,
não mais trarei a cor do sofrimento...
Somente a paz dos tons que há na alvorada!
- Patrícia Neme -
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Patrícia Neme
Reencontros
Sou depois de tempos
o reflexo do teu corpo
distanciado de mim geometricamente
Revejo-me radiada
no lago dos olhos teus
que me descobrem
nas tardes sonolentas
trocadas por noites quietas e ligeiras
Ando por entre mil auroras
para encontrar-te e reassistir
a gênesis da vida
permanecendo em ti
de olhos cerrados
soletrando o silêncio
das horas que passam
Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 19/05/09
Código do Texto: T1602270
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Conceição Bentes
segunda-feira, 18 de maio de 2009
sexta-feira, 15 de maio de 2009
DOR
No infindo constelado
apenas rubra lua,
tecida por gotas
dos sonhos
de asas rasgadas pelo vento.
Sangue vertido
em luta desigual,
batalha inglória,
quimera dos desejos
esquecidos pela história.
Além do mais além,
ausências...
Vazios no silêncio,
almas despidas de essência...
Olhos opacos,
gestos podados,
palavra atada.
Completo é o negror
que habita o pensamento,
apenas embalado por
resquícios de lamento.
E nas veias da poeta,
sobrevive,
tão somente,
o nada!
Patrícia Neme
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Patrícia Neme
quarta-feira, 13 de maio de 2009
O JULGAMENTO
Submetido ao látego do julgamento
aquele homem prestava depoimento
sobre tudo o que sabia sobre a vida.
Falou de fé e esperança e caridade,
falou de fraternidade e de felicidade
e dos ideais de solidariedade humana.
E não havendo mais do que falar,
calou-se como ave que cai do céu...
E recebeu então a cruel indiferença
como sentença irrecorrível dos mortos.
De repente aquele homem tão simples
pôs-se a falar a falar a falar e a falar
COISAS DE AMOR como quem cria
na remota possibilidade dos milagres.
E aquele tribunal acabou acreditando
nele porque falou do que nem sabia.
E aquela foi a única vez em sua vida
que aquele homem falou de amor
com infinita sabedoria...
Julis Calderón
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Julis Calderón
Tua magia
Deixe-me envolver na magia do teu amor,
receber a energia que ensina
o caminho deste olhar
Emanas a verdade
e tua força vital
possibilita um diálogo total
nos gestos breves que muitos falam
mas nem todos traduzo
O silêncio do teu rosto
calam palavras
tal a calma do nascer do sol
escrevendo a vida
entre a tinta e o sonho
Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 13/05/09
Código do Texto: T1591299
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Conceição Bentes
quarta-feira, 6 de maio de 2009
segunda-feira, 4 de maio de 2009
PAULA
Cigana, o teu dançar embala a vida,
o som do teu pandeiro anima o vento.
Teu negro olhar é luz que à paz convida,
no teu sorrir resplande o firmamento.
Cigana, mãe querida, meu alento...
Ainda me dói a dor da despedida.
Minh'alma não vê fim a esse tormento...
Sem ti, perdi meu porto de acolhida.
Contemplo o céu... Te busco... Onde andarás?
Em qual brilho de estrela, agora, estás?
Naquela que precede o Criador?
Por certo ELE te fez estrela-guia,
pois foste essência pura da alegria,
a fonte do mais verdadeiro amor!
- Mãezinha, saudade eterna. Outro domingo de tua ausência. -
Patricia
o som do teu pandeiro anima o vento.
Teu negro olhar é luz que à paz convida,
no teu sorrir resplande o firmamento.
Cigana, mãe querida, meu alento...
Ainda me dói a dor da despedida.
Minh'alma não vê fim a esse tormento...
Sem ti, perdi meu porto de acolhida.
Contemplo o céu... Te busco... Onde andarás?
Em qual brilho de estrela, agora, estás?
Naquela que precede o Criador?
Por certo ELE te fez estrela-guia,
pois foste essência pura da alegria,
a fonte do mais verdadeiro amor!
- Mãezinha, saudade eterna. Outro domingo de tua ausência. -
Patricia
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Patrícia Neme
PROCURA
Meu caminhar inquieto,
gitana peregrina,
andeja chão de estrelas,
buscando te encontrar.
Percorro mil estradas
do Tempo e da Memória...
Passadas tão inglórias...
Não te deixas achar.
E em frente à minha tenda,
contemplo as labaredas
das minhas mil veredas,
que esperam teu voltar.
E a lágrima na face?
É gota do luar!
- Patricia Neme -
gitana peregrina,
andeja chão de estrelas,
buscando te encontrar.
Percorro mil estradas
do Tempo e da Memória...
Passadas tão inglórias...
Não te deixas achar.
E em frente à minha tenda,
contemplo as labaredas
das minhas mil veredas,
que esperam teu voltar.
E a lágrima na face?
É gota do luar!
- Patricia Neme -
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Patrícia Neme
FACTUAL
um estalido
cai uma folha seca
no quintal
factualmente
e o poeta retoma a velha tecla
e bate, bate
todo o outono que sente...
Fernando Campanella
cai uma folha seca
no quintal
factualmente
e o poeta retoma a velha tecla
e bate, bate
todo o outono que sente...
Fernando Campanella
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Fernando Campanella
Sonhando a dança
A dança não é agitação
imprevista ação musical
absorção de um instante
da humana dádiva natural
Na terra não, nas vagas
adejamos nela a pousar
a dança na aragem nos galhos
seiva, energia, eterno ficar
Ficar entre o céu e a terra
atual poder conseguido
onde tentem nossos ardores
alforria em todo o sentido
Onde o espírito possa chegar
às mais variadas paragens
sem destoar a sua persona
se sobre os mistérios sonhar
Tereza Lima Gondim
imprevista ação musical
absorção de um instante
da humana dádiva natural
Na terra não, nas vagas
adejamos nela a pousar
a dança na aragem nos galhos
seiva, energia, eterno ficar
Ficar entre o céu e a terra
atual poder conseguido
onde tentem nossos ardores
alforria em todo o sentido
Onde o espírito possa chegar
às mais variadas paragens
sem destoar a sua persona
se sobre os mistérios sonhar
Tereza Lima Gondim
Foto:Fred Astaire and Rita Hayworth
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Tereza Lima Gondim
Rumo ao sumo
Disfarça, tem gente olhando.
Uns olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros, olham de banda,
lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando,
olhando ou sendo olhado.
Outros olham para baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha,
em busca do espaço perdido.
Raros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada.
Paulo Leminski
Uns olham pro alto,
cometas, luas, galáxias.
Outros, olham de banda,
lunetas, luares, sintaxes.
De frente ou de lado,
sempre tem gente olhando,
olhando ou sendo olhado.
Outros olham para baixo,
procurando algum vestígio
do tempo que a gente acha,
em busca do espaço perdido.
Raros olham para dentro,
já que dentro não tem nada.
Apenas um peso imenso,
a alma, esse conto de fada.
Paulo Leminski
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Paulo Leminski
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