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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

No curso do dia

Agora que me vou é que me deixo
ficar perdidamente nesta estrada:
vou numa roda viva, mas sem eixo,
numa coisa futura, mas passada.


Vou e não vou e assim se vai compondo
o que me está aos poucos dividindo:
não a zoada azul de um marimbondo,
mas a certeza de um amor tão lindo.


Alguma coisa vai ficando, além do
tempo em que me dou e me reparto:
ficou meu coração, ficou batendo,
batendo na penumbra de algum quarto.


Ficou o que mais quero e vai comigo:
molharam nalgum curso os seus cabelos
para compor as novas semifusas
dos meus silêncios, dos meus atropelos.


Mas no curso dos dias que há por dentro
de cada um de nós, na nossa história,
alguém por certo encontrará o centro
de tudo que ficou na trajetória.


E o que ficou, ficou: raiz noturna
enterrada nas ruas, nos quintais;
vento varrendo o pó de alguma furna,
chuvas de pedra, alguns trovões, Goiás.


Gilberto Mendonça Teles
(Sociologia goiana, 1982, p.113)

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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

No curso do dia

Agora que me vou é que me deixo
ficar perdidamente nesta estrada:
vou numa roda viva, mas sem eixo,
numa coisa futura, mas passada.


Vou e não vou e assim se vai compondo
o que me está aos poucos dividindo:
não a zoada azul de um marimbondo,
mas a certeza de um amor tão lindo.


Alguma coisa vai ficando, além do
tempo em que me dou e me reparto:
ficou meu coração, ficou batendo,
batendo na penumbra de algum quarto.


Ficou o que mais quero e vai comigo:
molharam nalgum curso os seus cabelos
para compor as novas semifusas
dos meus silêncios, dos meus atropelos.


Mas no curso dos dias que há por dentro
de cada um de nós, na nossa história,
alguém por certo encontrará o centro
de tudo que ficou na trajetória.


E o que ficou, ficou: raiz noturna
enterrada nas ruas, nos quintais;
vento varrendo o pó de alguma furna,
chuvas de pedra, alguns trovões, Goiás.


Gilberto Mendonça Teles
(Sociologia goiana, 1982, p.113)

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