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quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Do meu outono
O outono vai chegar... Neva a névoa do outono...
Perdem-se astros sem luz... Anda em choro a folhagem...
Há desesperos silenciosos de abandono...
O outono vai chegar... Neva a névoa do outono...
E eu sofro a angustia irremediável da paisagem...
O outono vai chegar... O outono vem tão cedo!
Irão morrer flores e estrelas, como as crianças
Tristes e mudas, que impressionam, fazem medo?
O outono vai chegar... Têm vozes do passado
As horas loiras, a cantarem vagarosas,
Com ressonâncias de convento abandonado...
Vozes de sonho, vozes lentas, do passado,
Falando coisas nebulosas, nebulosas...
O outono vai chegar, como um poeta descrente
Que funerais desilusórios acompanha...
O outono vai chegar... Neva a névoa do outono...
Perdem-se astros sem luz... Anda em choro a folhagem...
Há desesperos silenciosos de abandono...
O outono vai chegar... Neva a nevoa do outono...
E eu sofro a angustia irremediável da paisagem...
Cecília Meireles
In: Baladas para El-Rei (1925)
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quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Do meu outono
O outono vai chegar... Neva a névoa do outono...
Perdem-se astros sem luz... Anda em choro a folhagem...
Há desesperos silenciosos de abandono...
O outono vai chegar... Neva a névoa do outono...
E eu sofro a angustia irremediável da paisagem...
O outono vai chegar... O outono vem tão cedo!
Irão morrer flores e estrelas, como as crianças
Tristes e mudas, que impressionam, fazem medo?
O outono vai chegar... Têm vozes do passado
As horas loiras, a cantarem vagarosas,
Com ressonâncias de convento abandonado...
Vozes de sonho, vozes lentas, do passado,
Falando coisas nebulosas, nebulosas...
O outono vai chegar, como um poeta descrente
Que funerais desilusórios acompanha...
O outono vai chegar... Neva a névoa do outono...
Perdem-se astros sem luz... Anda em choro a folhagem...
Há desesperos silenciosos de abandono...
O outono vai chegar... Neva a nevoa do outono...
E eu sofro a angustia irremediável da paisagem...
Cecília Meireles
In: Baladas para El-Rei (1925)
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