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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ano de 2.010!



A todos amigos e visitantes do blogger,
desejo um ANO NOVO pleno de alegrias,
muita Paz, Saúde e Realizações.
Feliz, Ano Novo Cristão, de 2.010!

Maria Madalena

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Prece



dá-me a lucidez das
correntezas para que eu descubra
entre as tristezas que se
avolumam algum
sorriso mesmo
que não seja para mim

dá-me a serenidade de uma
estrela para que eu imagine
entre as lágrimas que não
me deixam qualquer
paz ainda
que breve

dá-me a claridade das
luas cheias para que eu invente
entre as angústias que se esparramam um
horizonte mesmo
que se transmude em ilusão

dá-me a esperança das
árvores para que eu teça
entre as ausências que se
imensificam uma sanidade ainda
que estofada de
delírios


Adair Carvalhais Júnior
(Minas Gerais)

domingo, 27 de dezembro de 2009

Eu e Ela



Não tenho intimidade mais
com a minha solidão,
estamos há longo tempo
distantes um do outro,
mas como velhos amigos
eu e ela sabemos
que nos queremos demais.

Não tenho mais tempo
assim busco no tempo
novas companhias
em desvario
de novos momentos
ou a calma de um
suave encontro,
preciso ganhar
todas as horas.

A solidão,
ela me espera,
com ela algum tempo
terei para recordar
minha vida de quimeras,
eu e ela.

Luiz Alberto dos Santos Monjeló
(R.G. do Sul)

domingo, 20 de dezembro de 2009

AS LUZES



Descolorindo a tarde
Abrindo as portas da noite
E liberando as estrelas em rebanhos líquidos
De luzes.

Não posso olhar sem impregnar
As lembranças de fotografias e imagens
Retorcidas, no aço das lâmpadas
Nas ácidas incursões da estante
De livros quando a lâmpada se ascende
Ascende-se um fio de sonhos e uma coberta de imaginações

As páginas dão conta dos fatos que em vão vivemos, que deveríamos ter posto a prova.
As palavras não ditas inclinam aos olhos cansados, uma multidão de imagens baças em
prontidão com os elementos invisíveis que infestam as nossas cansadas pálpebras...

A pequena estrela
É a porta e a chave
Para as pequenas
E infinitas coisas
Que juntamos
Que perdemos
Ao nos olhar
sem pressa, para a vasta planície deserta do espelho.

Não há uma formula para o desconhecido
O secreto que há em cada palavra
Ativa o homem que se esconde a cada página virada.

Georgio Rios
(Bahia)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

As Horas



As Horas cismam no ar parado:
— Passado.
As Horas bailam no ar fremente:
— Presente.

As Horas sonham no ar obscuro:
— Futuro.


Da Costa e Silva
(1885-1950)

Diálogo Interior...



Ante o infinito,
Cismo e medito.
Mas vou pensando
E interrogando.

Dialogo a esmo
Comigo mesmo.

— Tudo convida
A amar a vida.

— E amar se deve
A um bem tão breve?

A vida é bela
No que revela...

— Mas como existe
O homem tão triste?

— A vida é a luta
Divina e bruta.

— Onde o heroísmo:
Páramo ou abismo?

— A vida encerra
Os bens da terra.

— Se esses dons temos,
Por que sofremos?

— A vida inquieta
É a mais completa.

— Mas por que a alma
Aspira à calma?

— A vida é intensa
Para quem pensa.

— E onde a esperança,
Que não descansa?

— A vida é pura
Quando há ventura.

— E por que sinto
A ânsia do instinto?

— A vida é chama,
Que apura e inflama.

— Por que a resumo
Em névoa e fumo?

— A vida é a glória
Sempre ilusória.

— Mas como é insano
O sonho humano?

— A eterna esfinge
Ninguém atinge...

— Que reticências
Nas existências!


Da Costa e Silva
(Piauí -1885-1950)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

'PRIMAVERA I'



Verei a primavera se encaminhar com o seu chapéu de
palha e o seu róseo vestido
Pelas ruas amigas, perto da casa em que mora.
Verei o teu rosto se tingir com a poeira dos ocasos
E tuas mãos morenas se balançarem tênues sob a água das cascatas
Longe das ingratidões, das lutas, dos equívocos de todo dia.
Os cisnes se confiarão como nos tempos calmos.
As violetas distantes sorrirão com as terras úmidas e grávidas.
Os pássaros, os ninhos vão cantar!
Verei chegar o teu vestido e te confundirei com a Primavera.
Seguirei com a Primavera pelas ruas.
Os circos vão pousar como pássaros enormes.
Primavera! Primavera!
O amor vai renascer nos campos
E as amadas dormirão cobertas pelos azuis sem fim.


Augusto Frederico Schmidt
In: Um século de poesia
(Rio de Janeiro-1906-1965)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

AS FLORES ESTÃO CHORANDO


Os lilases murcharam . . . As roseiras,
Ao castigo do outono, estão despidas . . .
Hão de viver assim horas inteiras,
Mergulhadas nas sombras esquecidas . . .

Outrora foram elas mensageiras
Das alegres paisagens coloridas . . .
Hoje ostentam nas hastes agoureiras.
A tristeza das rosas fenecidas . . .

Desce a noite orvalhada sobre os mirtos,
A secura das plantas abrandando
Na frouxidão letal dos cravos hirtos!

Enquanto o orvalho se transforma em bolhas
Que pelos ramos murchos vão rolando
Como se fossem lágrimas das folhas! . . .

Miguel Jansen Filho
(Paraíba 1925/1994)

'MADRUGADA EM MEU JARDIM '


Um divino clarão vem do nascente
E sobre o meu jardim calmo resvala!
Na graça deste quadro reluzente,
A aragem fria os meus rosais embala!

Tudo desperta misteriosamente!
E a luz cresce e se expande em doce escala,
Avivando o Iençol resplandescente
Da brancura dos lírios cor de opala!

E o sol, doirando as franjas do horizonte,
Celebra a missa do romper da aurora
Na doce Eucaristia do levante!

Da passarada escuta-se o clarim !
E a madrugada estende-se sonora,
Na aleluia de luz do meu jardim !

Miguel Jansen Filho
(Paraíba 1925/1994)

SONETO SEM NADA


Um grande sonho que nunca sonhei,
uma outra vida que nunca vivi,
um longo choro que nunca chorei,
um bom sorriso que nunca sorri,

um juramento que nunca jurei,
uma mentira que nunca menti,
uma ansiedade por que nunca ansiei,
um fingimento que nunca fingi,

uma lembrança que nunca lembrei,
uma descrença em que nunca descri,
uma esperança que nunca esperei,

um sentimento que nunca senti,
um pensamento que nunca pensei,
um sofrimento que sempre sofri.

Guilherme de Almeida
In: Os Sonetos

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Predileção



Amo os gestos estáticos, plasmados
numa atitude lenta de abandono;
certos olhares bêbedos de sono
e a poesia dos muros desbotados...

Amo as nuvens longínquas... o reflexo
na água dos foscos lampiões...as pontes...
a sufocação ríspida das fontes
e as palavras poéticas sem nexo.

Mas, sobretudo, eu amo esses instantes
em que, como dois presos foragidos,
os meus olhos se embrenham, distraídos,
na natureza - como dois amantes...


Onestaldo de Pennafort -
em Poesias
(Rio De Janeiro-1902-1987)

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Ano de 2.010!



A todos amigos e visitantes do blogger,
desejo um ANO NOVO pleno de alegrias,
muita Paz, Saúde e Realizações.
Feliz, Ano Novo Cristão, de 2.010!

Maria Madalena

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Prece



dá-me a lucidez das
correntezas para que eu descubra
entre as tristezas que se
avolumam algum
sorriso mesmo
que não seja para mim

dá-me a serenidade de uma
estrela para que eu imagine
entre as lágrimas que não
me deixam qualquer
paz ainda
que breve

dá-me a claridade das
luas cheias para que eu invente
entre as angústias que se esparramam um
horizonte mesmo
que se transmude em ilusão

dá-me a esperança das
árvores para que eu teça
entre as ausências que se
imensificam uma sanidade ainda
que estofada de
delírios


Adair Carvalhais Júnior
(Minas Gerais)

domingo, 27 de dezembro de 2009

Eu e Ela



Não tenho intimidade mais
com a minha solidão,
estamos há longo tempo
distantes um do outro,
mas como velhos amigos
eu e ela sabemos
que nos queremos demais.

Não tenho mais tempo
assim busco no tempo
novas companhias
em desvario
de novos momentos
ou a calma de um
suave encontro,
preciso ganhar
todas as horas.

A solidão,
ela me espera,
com ela algum tempo
terei para recordar
minha vida de quimeras,
eu e ela.

Luiz Alberto dos Santos Monjeló
(R.G. do Sul)

domingo, 20 de dezembro de 2009

AS LUZES



Descolorindo a tarde
Abrindo as portas da noite
E liberando as estrelas em rebanhos líquidos
De luzes.

Não posso olhar sem impregnar
As lembranças de fotografias e imagens
Retorcidas, no aço das lâmpadas
Nas ácidas incursões da estante
De livros quando a lâmpada se ascende
Ascende-se um fio de sonhos e uma coberta de imaginações

As páginas dão conta dos fatos que em vão vivemos, que deveríamos ter posto a prova.
As palavras não ditas inclinam aos olhos cansados, uma multidão de imagens baças em
prontidão com os elementos invisíveis que infestam as nossas cansadas pálpebras...

A pequena estrela
É a porta e a chave
Para as pequenas
E infinitas coisas
Que juntamos
Que perdemos
Ao nos olhar
sem pressa, para a vasta planície deserta do espelho.

Não há uma formula para o desconhecido
O secreto que há em cada palavra
Ativa o homem que se esconde a cada página virada.

Georgio Rios
(Bahia)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

As Horas



As Horas cismam no ar parado:
— Passado.
As Horas bailam no ar fremente:
— Presente.

As Horas sonham no ar obscuro:
— Futuro.


Da Costa e Silva
(1885-1950)

Diálogo Interior...



Ante o infinito,
Cismo e medito.
Mas vou pensando
E interrogando.

Dialogo a esmo
Comigo mesmo.

— Tudo convida
A amar a vida.

— E amar se deve
A um bem tão breve?

A vida é bela
No que revela...

— Mas como existe
O homem tão triste?

— A vida é a luta
Divina e bruta.

— Onde o heroísmo:
Páramo ou abismo?

— A vida encerra
Os bens da terra.

— Se esses dons temos,
Por que sofremos?

— A vida inquieta
É a mais completa.

— Mas por que a alma
Aspira à calma?

— A vida é intensa
Para quem pensa.

— E onde a esperança,
Que não descansa?

— A vida é pura
Quando há ventura.

— E por que sinto
A ânsia do instinto?

— A vida é chama,
Que apura e inflama.

— Por que a resumo
Em névoa e fumo?

— A vida é a glória
Sempre ilusória.

— Mas como é insano
O sonho humano?

— A eterna esfinge
Ninguém atinge...

— Que reticências
Nas existências!


Da Costa e Silva
(Piauí -1885-1950)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

'PRIMAVERA I'



Verei a primavera se encaminhar com o seu chapéu de
palha e o seu róseo vestido
Pelas ruas amigas, perto da casa em que mora.
Verei o teu rosto se tingir com a poeira dos ocasos
E tuas mãos morenas se balançarem tênues sob a água das cascatas
Longe das ingratidões, das lutas, dos equívocos de todo dia.
Os cisnes se confiarão como nos tempos calmos.
As violetas distantes sorrirão com as terras úmidas e grávidas.
Os pássaros, os ninhos vão cantar!
Verei chegar o teu vestido e te confundirei com a Primavera.
Seguirei com a Primavera pelas ruas.
Os circos vão pousar como pássaros enormes.
Primavera! Primavera!
O amor vai renascer nos campos
E as amadas dormirão cobertas pelos azuis sem fim.


Augusto Frederico Schmidt
In: Um século de poesia
(Rio de Janeiro-1906-1965)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

AS FLORES ESTÃO CHORANDO


Os lilases murcharam . . . As roseiras,
Ao castigo do outono, estão despidas . . .
Hão de viver assim horas inteiras,
Mergulhadas nas sombras esquecidas . . .

Outrora foram elas mensageiras
Das alegres paisagens coloridas . . .
Hoje ostentam nas hastes agoureiras.
A tristeza das rosas fenecidas . . .

Desce a noite orvalhada sobre os mirtos,
A secura das plantas abrandando
Na frouxidão letal dos cravos hirtos!

Enquanto o orvalho se transforma em bolhas
Que pelos ramos murchos vão rolando
Como se fossem lágrimas das folhas! . . .

Miguel Jansen Filho
(Paraíba 1925/1994)

'MADRUGADA EM MEU JARDIM '


Um divino clarão vem do nascente
E sobre o meu jardim calmo resvala!
Na graça deste quadro reluzente,
A aragem fria os meus rosais embala!

Tudo desperta misteriosamente!
E a luz cresce e se expande em doce escala,
Avivando o Iençol resplandescente
Da brancura dos lírios cor de opala!

E o sol, doirando as franjas do horizonte,
Celebra a missa do romper da aurora
Na doce Eucaristia do levante!

Da passarada escuta-se o clarim !
E a madrugada estende-se sonora,
Na aleluia de luz do meu jardim !

Miguel Jansen Filho
(Paraíba 1925/1994)

SONETO SEM NADA


Um grande sonho que nunca sonhei,
uma outra vida que nunca vivi,
um longo choro que nunca chorei,
um bom sorriso que nunca sorri,

um juramento que nunca jurei,
uma mentira que nunca menti,
uma ansiedade por que nunca ansiei,
um fingimento que nunca fingi,

uma lembrança que nunca lembrei,
uma descrença em que nunca descri,
uma esperança que nunca esperei,

um sentimento que nunca senti,
um pensamento que nunca pensei,
um sofrimento que sempre sofri.

Guilherme de Almeida
In: Os Sonetos

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Predileção



Amo os gestos estáticos, plasmados
numa atitude lenta de abandono;
certos olhares bêbedos de sono
e a poesia dos muros desbotados...

Amo as nuvens longínquas... o reflexo
na água dos foscos lampiões...as pontes...
a sufocação ríspida das fontes
e as palavras poéticas sem nexo.

Mas, sobretudo, eu amo esses instantes
em que, como dois presos foragidos,
os meus olhos se embrenham, distraídos,
na natureza - como dois amantes...


Onestaldo de Pennafort -
em Poesias
(Rio De Janeiro-1902-1987)