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domingo, 30 de novembro de 2008

'A ALMA SONHA SOZINHA'



Anda a minh’alma sonhando
tão sozinha e acompanhada,
que às vezes vivo pensando
que a alma sonha acordada.

Mas sonhar é um fio d’água
que sozinho entrega ao mar
muitos afluentes de mágoa
que se escoam sem passar.

Sejam simples como a flor
que sonha sonhos calados
dos que perecem do amor
dos sonhos não realizados.

Somos a curva da estrada
dos sonhos que vão além:
sonhar sozinha sem nada
é tudo o que a alma tem...

Afonso Estebanez
(Dedicado ao escritor carioca
Antônio Poeta – criador do site cultural
“Revista de Poesias” / Rio de Janeiro)

'MIL-CORES '


(MIL-CORES (breynia nivosa)

Esta luz
que entra em meu quarto
é silêncio profuso
que me redime de amores
é dom primitivo
que distende os neurônios
absolve pecados
e faz de minha alma
uma casa feliz.

Este brilho que infiltra
e resvala nas sombras
decifra vestígios
e graças sem fim.

Luz transitória
que cumpre o eterno
na cela da hora
me apazigua os mortos

afaga as mil cores
ressona em meu cão

me acolhe em regaço
e ama em mim.

(Fernando Campanella)

'Encontro de Amor!'



Acordei a alma após o nascer do sol
Falei baixinho da saudade
Ofereci minhas asas para transpor os céus.
Deixei-me ficar
Escutando músicas de outros tempos
Reli as palavras que escreveste
Nos sentimentos escondido
Entre caracteres no meu coração.
Trago nos cabelos
O perfume da tua alma
E nos dedos, os poemas que te escrevo
Gravados nas lágrimas da esperança.
Parto para o infinito
Na busca desse encontro
Como sendo tua própria luz
Tal uma estrela cadente
Riscando a escuridão!

Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 30/11/2008
Código do Texto: T1310820

'Eu sei quando tu vens'



Não preciso sondar os pensamentos
nem consultar meu vasto coração
para saber os dias e os momentos
em que me vens trazer consolação...

A mim me basta olhar pela janela
e abraçar a manhã no meu jardim,
pois sei que a claridade que vem dela
é a luz do teu amor dentro de mim...

Deixo a brisa tocar a minha face,
ouço as aves que vêm me visitar
e sei de cada rosa que renasce
o teu mágico instante de chegar...

Converso com o vento no telhado
onde o tempo costuma te esperar
de um futuro presente antecipado
por anjos que me vêm te anunciar...

No canteiro de beijos e jacintos
o odor suave de uma flor qualquer
inflama de desejos meus instintos
famintos de teu corpo de mulher...

Então eu sempre sei quando tu vens
sem que precises avisar-me quando...
O amor proclama quando tu me tens
e me prepara quando estás chegando.



A.Estebanez

'Despedida '


(Claude Thebérge)

Deixarei um sorriso
Em seu olhar,
Deixarei alguns versos
De amor para aquecer
Sua saudade...

Falarei da alegria em
Te levar no coração
Por onde eu for...

E esconderei as lágrimas
Para que a tristeza não
Roube sua esperança de
Me ver voltar...

(Cida Luz)

sábado, 29 de novembro de 2008

'Viagem pelo Infinito!'



Um corcel negro,
corta o céu...
Nas asas do tempo,
flutuando sua imagem,
entre luzes prateadas,
e sons difusos.
Fico a olhar esse jardim
do Olimpo...
Onde deuses
desenhados por mim,
transpõem galáxias
e perpassam a eternidade!


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras
em 21/11/2008 - Código do Texto: T1284785

'Imagens de ti!'



Carrego amores
Em contra-mão.
Resguardando-me da chuva da saudade
Dando alento ao sol da esperança.
Onde não há mais vozes nem sonhos
Viajo num paraíso desconhecido
Seguindo teu olhar
Tal um guia no deserto.
Mas a tua imagem
Se desfaz em mil pedaços
E como estrela morta
Caio no oceano da escuridão
Onde não há vozes, nem sonhos
E renasço na falange
De um dia inquebrável.

Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 27/11/2008
Código do Texto: T1305847

'NOITES'


(Akix Stefan)

Em todo entardecer escuto passos,
na estrada que se achega ao meu portão;
embora haja penumbra, vejo os traços
dos andarilhos... Deus! E quantos são!

Na casa, se assenhoram dos espaços,
percorrem cada palmo do meu chão.
Semblantes - de ventura tão escassos,
contemplam-me... E na dor me envolvo, então.

Porque nos olhos meigos dos meus sonhos,
o amor sulcou caminhos tão tristonhos,
onde apenas saudade floresceu!

À noite, em rito insano de agonia,
unidos, sonhos, eu... e a nostalgia...
Ninamos o que nos restou de teu.

- Patricia Neme -

'EPITÁFIO...'



Guardei banais segredos dos amores de criança
dos mistérios da infância ouvi apenas por tolice
contei parábolas de amor porque o próprio amor
predisse que na vida viveria só dessa lembrança
de reviver das cinzas de uma flor do apocalipse...

E das águas correntes desse rio em minhas veias
de onde doce fluísse uma canção jamais ouvida...
Talvez de alguma fonte de desejos clandestinos
ou dos prazeres matutinos de profanas ladainhas
dos arcanjos decaídos de meus sonhos suicidas...

Apraz-me então morrer dos místicos presságios
de quem padece lentamente da secreta liturgia
de reencontrar-me pelo acaso de um momento
em que a parte encantada de mim fosse a magia
desse feitiço de poder-me amar além do tempo...

E era tudo o que a alma não defesa pretendia...
E para muito além do que muito além de mim
onde jaz meu pássaro cantor de súbito abatido
concebido me fosse então morrer de desamor
se reviver de amor a mim não fora concebido...

A. Estebanez

"AMOR SAPIENS"


Cena I

Sinto por ti
o instinto selvagem dos rios
que percorrem a orla dos campos
e se perdem nas densas florestas
como reflexos do sexo no corpo.

Por mais que tu insistas
em desvendar o curso de minhas águas
jamais saberás onde cantam as nascentes
nem onde arrulham os seixos das fontes
nem onde as vertentes
conversam com o vento...

Nunca saberás do meu concerto de flautas
nos bambuzais nem dos bailes nas ramagens
onde os pássaros inventam
a linguagem do amor...

Nem de onde vem nem para onde vai
a brisa que te afaga sem que te percebas
cativa de uma paixão pressentida...
Mas te resta a memória perdida
entre as cinzas da flor...

A. Estebanez

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

'FAC-SÍMILE'


(Michelangelo Merisi da Caravaggio)

Estrela, minha Alfa Centauro,
ou uma outra qualquer
a inumeráveis anos-luz de indiferença,
sou um terráqueo instável , nem me sabes,
mas gosto, à noite, de deitar-te em meus olhos,
cansado das luzes nervosas onde me lavro.
Estrela, meu astro reinventado,
por que assim enternecido de ti me enamoro,
na funda noite exorcizado ?
Apascentarias ovelhas à tua órbita
Ou saberias a duração de tua glória?
Serias como humanos que do longínquo se encantam,
Trazendo de perto, o cheiro de entranhas,
o encadeamento dos hábitos?
E se eu te tocasse e te dissolvesses em absurdos ares?
Se eu te desvendasse os olhos
te verias serpente em teus lampejos ácidos?
Se eu te devorasse , serias eu próprio,
a consistência mesmíssima de um pó,
a fragilidade de um pirilampo -
tudo tão simples fac-simile de tudo
tão em si mesmo desmitificado?

(Estrela, tua terna esfinge me basta.)


(FERNANDO CAMPANELLA, 2007)

'SAUDADE'




Na solidão na penumbra do amanhecer.
Via você na noite, nas estrelas, nos planetas,
nos mares, no brilho do sol e no anoitecer.
Via você no ontem , no hoje, no amanhã...
Mas não via você no momento.
Que saudade...

O luar
O luar, é a luz do Sol que está sonhando
O tempo não pára! A saudade é que faz as coisas pararem no tempo...
...os verdadeiros versos não são para embalar, mas para abalar...
A grande tristeza dos rios é não poderem levar a tua imagem...

Mário Quintana


A chuva entorna na paisagem calma
uma indolência de abandono e sono.
Paisagem triste como a de minha alma...
A chuva é um longo sono de abandono...

Olho através do espelho da vidraça:
dorme o jardim sob os soluços da água...
Na rua, alguém cantarolando passa,
cantarolando a minha própria mágoa.

Quem será esse vulto que se apossa
da fina dor que em minha vida existe,
para cantá-la assim, num ar de troca,
de uma maneira que me põe mais triste?

E olho através do espelho da vidraça:
dorme o jardim sob os soluções da água.
Na rua adormecida, ninguém passa...

A chuva canta a minha própria mágoa.

Onestado de Pennafort
in 'Poesia'

'Canção do rio do meio'



Um rio jorra entre o porão e o sótão
da nossa vida:
leva dores e amores, nosso último riso
há tanto tempo.
Mas numa curva qualquer, porque ainda respiramos,
tudo pulsa outra vez e brilha de ousadia
sabendo que temos pela frente
algum calor, e um rumor de águas na areia.

Passa no meio de nós, entre o sonho do sótão
e o medo dos porões, o rio da vida:
que me leve para diante ainda uma vez, e muitas,
que venha até mim com sua água turva
ou clara de esperança, toda a audácia e o fervor
que pareciam idos.

Lya Luft

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

'ESCONDEDOURO'



Dentro dos meus olhos
escuros
escondo o esmalte fosco
dos teus
que jamais pude decifrar.

Dentro de minha boca
úmida
escondo o beijo cálido
da tua
que jamais pude fartar.

Dentro de minha alma
inculta
escondo as roupas sujas
da tua
que jamais pude desnuar.

Osvaldo Antonio Begiato

(Isabel Filipe)


Dá-me tua mão!
Amigo, que de longe vem,
pó do caminho nas vestes,
bondade no coração:
Pousa, qual pétala,
entre as minhas, a tua mão.
A amizade que trazes é tepidez
no cinza inverno dos dias!
E cheiram à cravo e rosa
tuas mãos de primavera.
Deixe-me sentir a doçura
de teu espírito azul,
fluindo...na maciez da palma.
De mão para mão.
De alma para alma!

Lenise Marques

'Reinvento você!'



Eu te inventei
Sob diversas formas
Fiz de ti a canção da espera
Criei-te na saudade
Nas buscas das respostas,
Nas primaveras esquecidas.
Cumpri a promessa da espera,
Que voltasses de um mar
Envolvendo-me num eco de areia.
Fui cúmplice nos compassos dos dias
E esquadros das horas certas.
Mas deslizamos como tudo que não cabe
Na fotografia do tempo!


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 26/11/2008
Código do Texto: T1304764

'Vida nova'


(Óleo sobre tela de Washington Maguetas,
pintor impressionista brasileiro)



Deixei de existir para viver
e amar com diferente ternura
e ter nos olhos a alegria pura
e a alma feliz.

Com a fala pausada e mansa
fui às ruas,
encontrei as praças,
estive em ar de graça,
enxerguei a luz do dia.

Hoje sinto a vida com os sabores da mão,
que ao que deseja toca
e ora de pés juntos
e sente a vida e o mundo
em festa de parturição.

Busco estradas pausadamente
e quando não as tenho aos pés,
crio asas, rumo sem rumo e sem pressa,
ouvindo da vida o que nela presta e me interessa
e em festa ousa amar-me.

Meu corpo é a força de minha misericórdia
e minha vida uma ida de longa volta
a caçar sobrevivência e a sentir saudade.

O milagre de mim sou eu quem faço e acho
e este poema é-me apenas um atalho
de tudo o que ainda quero andar tendo vivido.



Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 27/11/2008
Código do Texto: 1305705

'PROCURA-SE UMA ROSA'



A rosa de que preciso
é flor nativa de mim.
Eu quero a rosa precisa
princípio
meio e fim.

A rosa de que preciso,
não a rosa dos poetas...
Mas a rosa imponderável
dos loucos
e dos profetas.

A rosa de que preciso,
não das mãos dos jardineiros...
Quero a rosa padecida
das feridas
dos romeiros.

A rosa de que preciso
vem do olhar dos passarinhos.
A rosa para ser rosa
não precisa
dos espinhos.

Eu quero a rosa votiva
dos vitrais e reposteiros
entre preces conspirada
no conluio
dos mosteiros.

A rosa de que preciso
não é a rosa-dos-ventos...
Quero a rosa irresoluta
biruta
dos cata-ventos...

A rosa de que preciso
vem de abismos e desertos
como a palavra perdida
reencontrada
em meus afetos.

Às vezes mais que loucura!
Às vezes mais que razão...
A rosa de que preciso
é amor
mais que paixão...

A. Estebanez

'Amor virtual'



Tens a voz de anjo,
miragem sem face,
chega tão doce
e permanece...
Em meus pensamentos,
és sedutor,
paixão e delírio,
complemento do amor.
Silencioso e sutil,
diz coisas lindas,
de um modo gentil,
sem rodeios,
me paquera e
me encanta...
Afaga os meus
sentidos quando
minha estima levanta.
Quem és tu, afinal?
Chega assim ,
como vendaval...
E mesmo sem tocar
a minha pele,
faz com que eu espere,
o tempo que for preciso...
Sensível...
Sem juízo...
Só para mais uma vez,
ouvir o teu riso,
mesmo sendo ele virtual.

(Valquíria Cordeiro)
26/11/2008

'A MENSAGEM'



Desliza um pingo de chuva
na folha do pessegueiro...
Na maré do olhar vazante
o horizonte mensageiro...
Descendo a encosta do monte
o cavalo e o cavaleiro.

Um arcanjo a toda a brida
ou um raio perdigueiro...
Rumor de brisa nas águas
o cavalo e o cavaleiro...
O vento em plena algazarra
liberto do cativeiro.

Escorrem pela planície
o cavalo e o cavaleiro
transpondo portal adentro
soergue o punhal guerreiro...
Serpentes relampejando
nos olhos do cavaleiro...

Desliza um pingo de sangue
na folha do pessegueiro...
Na maré do olhar vazante
o horizonte traiçoeiro...
E a noite devora o monte
o cavalo e o cavaleiro...


Afonso Estebanez
(Poema dedicado ao gênio de
Wanderley Stael Paris Jr)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

‘Canção com harpa dentro’


(Gustav Klimt)


Tenho tanta carga
no olhar sem fronteira,
que já me despeço:
pombo, das roseiras.
Mas ganhei cobiça
quando, amor, sorriste.
Não secaram águas,
nenhum sino ouviu-se.
Grilo, não te cales,
besouros da fala,
chama pelos ares
que a manhã escala.
Cessem como as larvas,
velas, remos, harpas.
Este amor, Amada,
move-me de nadas.
Este amor tão grande
não tem mais palavras.

Carlos Nejar
In ‘Canções’ (2007)


Anos Dourados - Caetano & Chico


Anos Dourados - Chico Buarque & Tom Jobim
(excerto)
...
Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
E desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais...


Para matar a saudade
- Wave - Tom Jobim & Toquinho, Instrumental

Aba da Serra II




Esse cantinho abandonado já teve vida,
e vida abundante!
O gado pastava nos capinzais
e o algodão brilhava sob o sol inclemente.
Era uma linda vista para a nossa calçada.
Posso ainda ouvir o silvar do vento,
sentir o cheiro do mato... e até ver,
com olhos do passado, a nossa vida.
A gente fantasiava em cima da realidade
e era como se fosse um céu na Terra.
Nosso pé de cajarana “morria”,
mas nascia de novo na floração.
E para nosso encanto,
vestido de verde com florzinhas claras.
Um primor! Um esplendor de Deus.
Ali fomos muito felizes.
Alguns já não existem...
Nem o pé de cajarana, nem o plantio do algodão,
nem o gado pastando... e nem a alegria.
Só a Saudade!

Regina Helena

'Lua Nua'



Varando o escuro da noite
Ela deita sobre a terra
O leitoso olhar
Hipnótica claridade
Noturnas sombras de luar

Lua! Redonda e magnífica!
Qual celeste matrona
Gorda e pálida
Despudoradamente revelando
Entre negras rendas
A alva e luminosa pele

Bela e branca
Absolutamente crua!
Indecentemente nua!
Esplendidamente...lua!

Lenise Marques

'Sou uma águia!'



Tornei-me águia
Sobrevivendo nas altas montanhas
Mergulhei em minha plenitude
E renovei-me na dor.
Em cada vôo
Busquei em mim mesma
Domar ciclones internos
Lançando-me ao vento dos sonhos
Potencializando meu sentir.
E nessa viagem sem pouso,
Atravesso os céus
Ultrapasso barreiras
Desafio abismos
Encontro a paz!


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 25/11/2008
Código do Texto: T1302251

'Mãos jogadas'



Frias mãos de tudo inválidas,
as mãos da dor,
as mãos do amor,
as mãos de nada.

Cortei-as em mim, inda sendo tuas,
porque assim me pediu o tempo
e eu as achei na rua,
abandonadas e nuas...
como mãos de ninguém.

Resta abraçar-me sem elas
e quando teu olhar achar o meu,
na alma nascerá outra aquarela
pintada por esse outro amor nosso.

Frias mãos assim também essas minhas,
secas desses abraços,
cheias de agonias,
como um desfestejado abraço entre nós dois,
um que amou,
outro que ficou,
algo dos dois que se foi!


Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 26/11/2008
Código do Texto: 1303812

terça-feira, 25 de novembro de 2008




Abertura do show de Altemar Dutra, onde ele apresenta breves trechos de:
-Tudo de Mim
-Serenata da Chuva
-Que Queres Tu de Mim
-Brigas


Miltino em cena do filme "O vendedor de Linguiças", de G. M. Laurelli e estrelado pelo comediante Mazzaropi em 1960, cantando "O Poema do Adeus" de Luiz Antônio


Vê,
Olha bem nos meus olhos...
eles refletem alegria,
serenidade, brilho, paz, vida, amor...

Vê,
bem no fundo deles a minh’alma.
O que você deixou, o que ficou:
- O medo, a solidão, a dor...

Vê,
- O enganoso brilho, a alegria falsa,
a paz fingida... a morte em vida.
Isso, só você consegue ver,
pois foi você quem os matou!

Regina Helena

'PERCURSO DE AMOR'



Meus olhos
são praias rasas
de um profundo
mar de amor
que derrama
suas mágoas
no rumor vasto
das águas
na areia e morre
sem dor...

Dos teus navios
de sonhos
sou mais
que o navegador.
Meus olhos
são escotilhas
entreabertas
para as ilhas
do teu percurso
de amor...


Afonso Estebanez
(Poema dedicado à atriz e poetisa
Deborah Schcolnic)

'Deixe Florir Os Passos'


(Willem Haenraets)

Labirinto
Pegadas
Desencontradas
No caminho
Procure a saída
No seu interior
Abra às gavetas
Jogue no passado
Os velhos guardados
Aqueles que perderam o perfume
E todas as flores murchas do acaso
Abra a janela dos versos
E os passos da poesia seguirão
No rumo certo do amanhecer

Elisa Cesar

'E a Moça... '


(Isabel Filipe)

Folhas secas
Caídas ao entardecer
Final de destino
Vazias do verde
A esperança se foi
A terra leva suas lembranças
O amanhecer se faz passado
Os versos estão nos galhos
Das árvores
Quando se davam em abraços
Agora a poesia carrega solidão
No quebrar das folhas pelo chão
E a moça triste
Sente pulsar devagar
Seu coração.

Elisa Cesar

'Companheiros'


(Willem Haenraets)

Somos parceiros da luz
Sentindo os efeitos
Entre a dor e o prazer
Horas e minutos
Passam devagar
Somos um poço de sensibilidade
Buscando-nos
Entre sorrisos no dia a dia
Nos anos que virão
Junto seguirá sua vida
Com a minha
E como companheiros
Viveremos para todo o sempre
Até a eternidade.


Kátia Claudino Caetano Pereira

'A Dança da Espera!'


(Willem Haenraets)

Esperei por ti
Através das distancias estrelares
Ao nascer de cada dia,
Na suavidade dos córregos.
Fui areia de uma praia perdida
Que esperou teu beijo
Nas inconstantes marés
Te esperei no vento viajante
Pra ser levada pelos campos
Na dança do amor.
Nossas almas em sintonia,
Apuraram os sentidos
Rodopiando numa dança de sensações
E comungaram da mesma ribalta
Seduzindo o Universo
Iluminando a solidão!

Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 25/11/2008
Código do Texto: T1301939

'Conversão'


(Willem Haenraets )

O que amo,
de
samo.
O que sangra,
es
tanca.
O que faz sofrer,
ali
via.
O que desamo,amo.
Estancando o sangue
E aliviando o sofrimento
Desvivo e vivo!

(Meu “não” está vivo no meu “sim”)

Sandra Almeida

Afogando Estrêlas


(Willem Haenraets)

Vamos à praia catar as conchas
que o mar indolente jogou na areia...
vamos à mata
caçar borboletas
com a rede que usamos
pra aprisionar
todos os os sonhos soltos no ar!!!
vamos ao mar
enfrentar as ondas,
brincar de espuma,
fingir de sereia
e afogar as estrelas,
que encantadas

vieram nadar...


Mariza Alencastro
(Luna)

'Você Ao Meu Lado'


(Tela deWillem Haenraets)

A frente o vasto horizonte
Olhando o amplo infinito
Sem pressa, mas com passos largos
Caminho sem limites
Sem obstáculos à frente
Não quero o fim da jornada
Nem marca de chegada
Quero o caminho em cada pegada
A amplidão como meta conquistada
No dia a dia, passo a passo

Estou a caminho
Olhando o vasto horizonte
Sem retorno e sem vacilo
Se, e apenas se,
Olhar pro lado e encontrar você


Flor ♥

'Sair de mim...'



Hoje estou saindo de mim...
Hoje me permito ousar.
Quero suave brisa acariciando meus cabelos
Levando meu perfume no ar...

Hoje quero exaltar minha liberdade de momento...
Momento este que ficará eternizado na memória para
Quando a solidão vier atormentar...

Hoje estou saindo de mim...
Nada sei... nada quero saber
Apenas sou eu inclusa na sensação rara
De contentamento...

Não quero ser eu hoje...


Cida Luz

"Meus Dias"



No dia em que a Felicidade bater
À porta da frente de minhas constâncias
Eu já não estarei mais dentro:
Terei saído de mudança
Pela porta dos fundos.

Mas Ela encontrará tudo arranjado:
O chão limpo e encerado,
A louça lavada e guardada,
As camas perfumadas e estendidas,
As coisas alinhadas e sem pó,
A alma livre e serenada.

Esquecerei então que um dia fui
Pedra selvagem e estrela cadente,
Carvão e diamante,
Esterco e pétala,
Corcunda e asas.

Serei uma gota de orvalho cristalizada
Que o destino quis como pingente
Adornando a garganta da eternidade.

Oswaldo Antônio Begiato

'Anuncio para solitários'



Procura-se um amigo sozinho
de andar discreto e gesto silencioso.
Procura-se desesperadamente um amigo
que saiba se aproximar
de um passarinho.

Rita Apoena

'Partiu...'



Não há tristeza...
Não há amargura...
O amor foi intenso
Em sua passagem
Por nossas vidas...

Enfim partiu...
E deixou somente
Essa doce saudade
Eternizada em nós...

Cida Luz
15/09/08

'Se houve amor...'



Se houve amor, o coração
Não quis saber qual era...
Somente amou sem
Reservas.

Não quis saber em qual
Momento ficaria
A desilusão...

Na alegria de se sentir
Vivo, deixou o amor jorrar
Felicidade,
Inundando de paz a vida...

Se houve amor, o coração
Só quis ter o direito de amar...

Cida Luz
22/09/08

'Olhar Embriagador'


(Mona Lisa-Leonardo Da Vinci)

Antes que me embriague
Com tua beleza sem par
Deixe ao menos me guiar
Pela pureza do teu olhar

A cerveja que espuma
Não me leva ao deleite
dos teus olhos o negrume
Parece-me o maior enfeite

Assim vou esquecendo
O que antes aconteceu
E vendo que o paraíso é meu

Por isso não esquento
Já que nem tudo morreu
E que o Céu não é só teu

Tarciso Coelho

'ROCHEDO!'



Ergo-me diante do mar
Solitário...
Com minhas asas de pedra,
Desafiando as ondas
Que procuram caminhos,
Debatendo-se sobre mim.
OCEANO!
Espalho-me imenso,
Profundo...
Carrego em minhas ondas
Naus e seus guardiões!
Beijo ilhas e praias macias...
Escalo rochedos e escarpas
E, imerso, abraço continentes!...

Conceição Bentes
&
Elïscha Dewes

'Miragem!'



Nunca serei heroína
Minhas esperanças matei
Desisti de minhas lutas
Pelo amor que não consagrei
Cruzei os braços
Na esperança de mudar
O Tempo passou
E me ultrapassou
Restou apenas uma tênue luz
Iluminando minha voz
Animando a coragem
Que nunca passou
De uma miragem!


Conceição Bentes
(03/11/08)

'Poema das tuas lágrimas'



O teu sorriso farto me anima,
me encanta... e me atormenta...
Lembra-me que um dia, eu te fiz chorar.
Querias invadir o meu interior,
e eu, no meu egoísmo,
fechava espaços, ocultava emoções.
Até que vi brilhar em tua face
uma reticente lágrima... E eu vi, em ti,
que um homem chora!
Jamais esqueci, e se eu pudesse,
voltaria no tempo...
Pra dizer mil vezes que te amo,
que és tudo para mim...
O meu Céu, minha esperança,
o meu amor, a minha vida!
E te deixaria conhecer o meu íntimo
e saquear a minha alma...
Pra nunca ter te visto chorar...
Mas... Essa não seria eu!
E, sendo eu outra pessoa, tu me amarias?
Ou, eu te amaria sendo eu outra pessoa?
Talvez não, e então...
Tu não terias chorado...
E eu, teria perdido o teu amor...

Regina Helena

'Um pouco de ti...'



Nada sei de ti, nunca te vi,
nem ouvi tua voz.
Imagino teu hálito de mate e vinho,
tua exuberante alegria
se opondo à quietude da tua vida.
E, em matizes contrastantes,
ora menina que sonha,
ora mulher que chora,
tens alma etérea, fugidia...
Como o vento!
E coração ardente e forte...
Como o Sol!
Linda imagem de Senhora,
de infinitos silêncios...
E infinita sabedoria!

Regina Helena
Para minha amiga, Maria Madalena.

'Espectro de Mim'



Como nau perdida na noite,
sem destino, sem horizontes...
Assim eu sou:
- Espectro do que fui.
Apenas um vulto,
cara a cara com a solidão.
Sem rumo, sem certezas,
sem perspectivas...
Sem você.
Uma sentença em aberto...
Sem ponto final!

Regina Helena

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

'Pai'




Ah, meu pai...
O Senhor nos deu todas as alegrias
e também a maior de todas as tristezas:
- A despedida...
Foi como se tudo sumisse
e o chão faltasse aos nossos pés...
Vimos o calar do nosso canto,
na tristeza da nossa voz;
os motivos pra viver se anularem
e a vida que nos sorria,
perder todo o sentido...
Até que a dor calou,
dando lugar à riqueza que nos deixou:
- O otimismo, o amor, a esperança...
Suas palavras sábias nos guiaram,
nos mostraram as oportunidades
e o caminho da retidão.
A vida continuou sem você,
mas cheia do seu amor...
E da sua saudade...

Regina Helena
Ceará



Trio Irakitan, o mais belo conjnto de vozes do Brasil, canta 'Maldito' , formatado por Regina Helena.

'Um canto de solidão'




Dentro de mim há um canto de saudade
que teima em invadir meu coração.
Ainda que o mundo inteiro
esteja ao meu redor, ele está comigo.
Tento fingir que não o ouço
e o calar me assusta,
pois o que me sustentará se a saudade se for?
Insensato coração
que aceita a loucura dessa dor.
Sinto um grito que não ouço
quando meu corpo me pede paz
e ouço o canto do silêncio
que fala mais alto e teima em estar comigo
em forma de saudade.
Noites insones, medo, lembranças...
Essa é a angústia desesperada do meu ser:
- O abandono dos que se perdem
para nunca mais se encontrar.

Regina Helena
Cerá

'Rainha...'



Porte altivo, de rainha
e olhar confuso...
Como ave que perdeu seu ninho,
te sentes sem direção.
Pensamentos vagos,
idéias dispersas...
Queres de volta o teu mundo,
mas olhas à tua volta,
e tudo te parece estranho...
E vem a agonia por silenciar
a busca de respostas para o presente.
Vives rodeada de olhos atentos,
e cuidados exclusivos...
Mas, querias mesmo, era tua realidade...
O poder de decisão...
O tempo foi generoso contigo,
te dando de volta a liberdade...
E asas para livre voar,
no lindo céu azul, da tua imaginação...

Gloria Dantas
Ceará

'VIDA'



Morte não rima com vida,
como luz não rima com trevas...
e nem andam juntas!...
São extremos que jamais se tocam,
embora se atraiam!
Não dá pra viver os dois.
Ou se morre... ou se vive!
O “morrer”, é certo!
O “viver”, é opção!
Quem vive pode buscar a morte,
quem morre, não tem como buscar a vida!
Então, espera... não busca o fim,
ele virá por si só, queiras ou não!
Escolhe, pois, a VIDA!

Regina Helena
Ceará

domingo, 30 de novembro de 2008

'A ALMA SONHA SOZINHA'



Anda a minh’alma sonhando
tão sozinha e acompanhada,
que às vezes vivo pensando
que a alma sonha acordada.

Mas sonhar é um fio d’água
que sozinho entrega ao mar
muitos afluentes de mágoa
que se escoam sem passar.

Sejam simples como a flor
que sonha sonhos calados
dos que perecem do amor
dos sonhos não realizados.

Somos a curva da estrada
dos sonhos que vão além:
sonhar sozinha sem nada
é tudo o que a alma tem...

Afonso Estebanez
(Dedicado ao escritor carioca
Antônio Poeta – criador do site cultural
“Revista de Poesias” / Rio de Janeiro)

'MIL-CORES '


(MIL-CORES (breynia nivosa)

Esta luz
que entra em meu quarto
é silêncio profuso
que me redime de amores
é dom primitivo
que distende os neurônios
absolve pecados
e faz de minha alma
uma casa feliz.

Este brilho que infiltra
e resvala nas sombras
decifra vestígios
e graças sem fim.

Luz transitória
que cumpre o eterno
na cela da hora
me apazigua os mortos

afaga as mil cores
ressona em meu cão

me acolhe em regaço
e ama em mim.

(Fernando Campanella)

'Encontro de Amor!'



Acordei a alma após o nascer do sol
Falei baixinho da saudade
Ofereci minhas asas para transpor os céus.
Deixei-me ficar
Escutando músicas de outros tempos
Reli as palavras que escreveste
Nos sentimentos escondido
Entre caracteres no meu coração.
Trago nos cabelos
O perfume da tua alma
E nos dedos, os poemas que te escrevo
Gravados nas lágrimas da esperança.
Parto para o infinito
Na busca desse encontro
Como sendo tua própria luz
Tal uma estrela cadente
Riscando a escuridão!

Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 30/11/2008
Código do Texto: T1310820

'Eu sei quando tu vens'



Não preciso sondar os pensamentos
nem consultar meu vasto coração
para saber os dias e os momentos
em que me vens trazer consolação...

A mim me basta olhar pela janela
e abraçar a manhã no meu jardim,
pois sei que a claridade que vem dela
é a luz do teu amor dentro de mim...

Deixo a brisa tocar a minha face,
ouço as aves que vêm me visitar
e sei de cada rosa que renasce
o teu mágico instante de chegar...

Converso com o vento no telhado
onde o tempo costuma te esperar
de um futuro presente antecipado
por anjos que me vêm te anunciar...

No canteiro de beijos e jacintos
o odor suave de uma flor qualquer
inflama de desejos meus instintos
famintos de teu corpo de mulher...

Então eu sempre sei quando tu vens
sem que precises avisar-me quando...
O amor proclama quando tu me tens
e me prepara quando estás chegando.



A.Estebanez

'Despedida '


(Claude Thebérge)

Deixarei um sorriso
Em seu olhar,
Deixarei alguns versos
De amor para aquecer
Sua saudade...

Falarei da alegria em
Te levar no coração
Por onde eu for...

E esconderei as lágrimas
Para que a tristeza não
Roube sua esperança de
Me ver voltar...

(Cida Luz)

sábado, 29 de novembro de 2008

'Viagem pelo Infinito!'



Um corcel negro,
corta o céu...
Nas asas do tempo,
flutuando sua imagem,
entre luzes prateadas,
e sons difusos.
Fico a olhar esse jardim
do Olimpo...
Onde deuses
desenhados por mim,
transpõem galáxias
e perpassam a eternidade!


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras
em 21/11/2008 - Código do Texto: T1284785

'Imagens de ti!'



Carrego amores
Em contra-mão.
Resguardando-me da chuva da saudade
Dando alento ao sol da esperança.
Onde não há mais vozes nem sonhos
Viajo num paraíso desconhecido
Seguindo teu olhar
Tal um guia no deserto.
Mas a tua imagem
Se desfaz em mil pedaços
E como estrela morta
Caio no oceano da escuridão
Onde não há vozes, nem sonhos
E renasço na falange
De um dia inquebrável.

Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 27/11/2008
Código do Texto: T1305847

'NOITES'


(Akix Stefan)

Em todo entardecer escuto passos,
na estrada que se achega ao meu portão;
embora haja penumbra, vejo os traços
dos andarilhos... Deus! E quantos são!

Na casa, se assenhoram dos espaços,
percorrem cada palmo do meu chão.
Semblantes - de ventura tão escassos,
contemplam-me... E na dor me envolvo, então.

Porque nos olhos meigos dos meus sonhos,
o amor sulcou caminhos tão tristonhos,
onde apenas saudade floresceu!

À noite, em rito insano de agonia,
unidos, sonhos, eu... e a nostalgia...
Ninamos o que nos restou de teu.

- Patricia Neme -

'EPITÁFIO...'



Guardei banais segredos dos amores de criança
dos mistérios da infância ouvi apenas por tolice
contei parábolas de amor porque o próprio amor
predisse que na vida viveria só dessa lembrança
de reviver das cinzas de uma flor do apocalipse...

E das águas correntes desse rio em minhas veias
de onde doce fluísse uma canção jamais ouvida...
Talvez de alguma fonte de desejos clandestinos
ou dos prazeres matutinos de profanas ladainhas
dos arcanjos decaídos de meus sonhos suicidas...

Apraz-me então morrer dos místicos presságios
de quem padece lentamente da secreta liturgia
de reencontrar-me pelo acaso de um momento
em que a parte encantada de mim fosse a magia
desse feitiço de poder-me amar além do tempo...

E era tudo o que a alma não defesa pretendia...
E para muito além do que muito além de mim
onde jaz meu pássaro cantor de súbito abatido
concebido me fosse então morrer de desamor
se reviver de amor a mim não fora concebido...

A. Estebanez

"AMOR SAPIENS"


Cena I

Sinto por ti
o instinto selvagem dos rios
que percorrem a orla dos campos
e se perdem nas densas florestas
como reflexos do sexo no corpo.

Por mais que tu insistas
em desvendar o curso de minhas águas
jamais saberás onde cantam as nascentes
nem onde arrulham os seixos das fontes
nem onde as vertentes
conversam com o vento...

Nunca saberás do meu concerto de flautas
nos bambuzais nem dos bailes nas ramagens
onde os pássaros inventam
a linguagem do amor...

Nem de onde vem nem para onde vai
a brisa que te afaga sem que te percebas
cativa de uma paixão pressentida...
Mas te resta a memória perdida
entre as cinzas da flor...

A. Estebanez

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

'FAC-SÍMILE'


(Michelangelo Merisi da Caravaggio)

Estrela, minha Alfa Centauro,
ou uma outra qualquer
a inumeráveis anos-luz de indiferença,
sou um terráqueo instável , nem me sabes,
mas gosto, à noite, de deitar-te em meus olhos,
cansado das luzes nervosas onde me lavro.
Estrela, meu astro reinventado,
por que assim enternecido de ti me enamoro,
na funda noite exorcizado ?
Apascentarias ovelhas à tua órbita
Ou saberias a duração de tua glória?
Serias como humanos que do longínquo se encantam,
Trazendo de perto, o cheiro de entranhas,
o encadeamento dos hábitos?
E se eu te tocasse e te dissolvesses em absurdos ares?
Se eu te desvendasse os olhos
te verias serpente em teus lampejos ácidos?
Se eu te devorasse , serias eu próprio,
a consistência mesmíssima de um pó,
a fragilidade de um pirilampo -
tudo tão simples fac-simile de tudo
tão em si mesmo desmitificado?

(Estrela, tua terna esfinge me basta.)


(FERNANDO CAMPANELLA, 2007)

'SAUDADE'




Na solidão na penumbra do amanhecer.
Via você na noite, nas estrelas, nos planetas,
nos mares, no brilho do sol e no anoitecer.
Via você no ontem , no hoje, no amanhã...
Mas não via você no momento.
Que saudade...

O luar
O luar, é a luz do Sol que está sonhando
O tempo não pára! A saudade é que faz as coisas pararem no tempo...
...os verdadeiros versos não são para embalar, mas para abalar...
A grande tristeza dos rios é não poderem levar a tua imagem...

Mário Quintana


A chuva entorna na paisagem calma
uma indolência de abandono e sono.
Paisagem triste como a de minha alma...
A chuva é um longo sono de abandono...

Olho através do espelho da vidraça:
dorme o jardim sob os soluços da água...
Na rua, alguém cantarolando passa,
cantarolando a minha própria mágoa.

Quem será esse vulto que se apossa
da fina dor que em minha vida existe,
para cantá-la assim, num ar de troca,
de uma maneira que me põe mais triste?

E olho através do espelho da vidraça:
dorme o jardim sob os soluções da água.
Na rua adormecida, ninguém passa...

A chuva canta a minha própria mágoa.

Onestado de Pennafort
in 'Poesia'

'Canção do rio do meio'



Um rio jorra entre o porão e o sótão
da nossa vida:
leva dores e amores, nosso último riso
há tanto tempo.
Mas numa curva qualquer, porque ainda respiramos,
tudo pulsa outra vez e brilha de ousadia
sabendo que temos pela frente
algum calor, e um rumor de águas na areia.

Passa no meio de nós, entre o sonho do sótão
e o medo dos porões, o rio da vida:
que me leve para diante ainda uma vez, e muitas,
que venha até mim com sua água turva
ou clara de esperança, toda a audácia e o fervor
que pareciam idos.

Lya Luft

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

'ESCONDEDOURO'



Dentro dos meus olhos
escuros
escondo o esmalte fosco
dos teus
que jamais pude decifrar.

Dentro de minha boca
úmida
escondo o beijo cálido
da tua
que jamais pude fartar.

Dentro de minha alma
inculta
escondo as roupas sujas
da tua
que jamais pude desnuar.

Osvaldo Antonio Begiato

(Isabel Filipe)


Dá-me tua mão!
Amigo, que de longe vem,
pó do caminho nas vestes,
bondade no coração:
Pousa, qual pétala,
entre as minhas, a tua mão.
A amizade que trazes é tepidez
no cinza inverno dos dias!
E cheiram à cravo e rosa
tuas mãos de primavera.
Deixe-me sentir a doçura
de teu espírito azul,
fluindo...na maciez da palma.
De mão para mão.
De alma para alma!

Lenise Marques

'Reinvento você!'



Eu te inventei
Sob diversas formas
Fiz de ti a canção da espera
Criei-te na saudade
Nas buscas das respostas,
Nas primaveras esquecidas.
Cumpri a promessa da espera,
Que voltasses de um mar
Envolvendo-me num eco de areia.
Fui cúmplice nos compassos dos dias
E esquadros das horas certas.
Mas deslizamos como tudo que não cabe
Na fotografia do tempo!


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 26/11/2008
Código do Texto: T1304764

'Vida nova'


(Óleo sobre tela de Washington Maguetas,
pintor impressionista brasileiro)



Deixei de existir para viver
e amar com diferente ternura
e ter nos olhos a alegria pura
e a alma feliz.

Com a fala pausada e mansa
fui às ruas,
encontrei as praças,
estive em ar de graça,
enxerguei a luz do dia.

Hoje sinto a vida com os sabores da mão,
que ao que deseja toca
e ora de pés juntos
e sente a vida e o mundo
em festa de parturição.

Busco estradas pausadamente
e quando não as tenho aos pés,
crio asas, rumo sem rumo e sem pressa,
ouvindo da vida o que nela presta e me interessa
e em festa ousa amar-me.

Meu corpo é a força de minha misericórdia
e minha vida uma ida de longa volta
a caçar sobrevivência e a sentir saudade.

O milagre de mim sou eu quem faço e acho
e este poema é-me apenas um atalho
de tudo o que ainda quero andar tendo vivido.



Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 27/11/2008
Código do Texto: 1305705

'PROCURA-SE UMA ROSA'



A rosa de que preciso
é flor nativa de mim.
Eu quero a rosa precisa
princípio
meio e fim.

A rosa de que preciso,
não a rosa dos poetas...
Mas a rosa imponderável
dos loucos
e dos profetas.

A rosa de que preciso,
não das mãos dos jardineiros...
Quero a rosa padecida
das feridas
dos romeiros.

A rosa de que preciso
vem do olhar dos passarinhos.
A rosa para ser rosa
não precisa
dos espinhos.

Eu quero a rosa votiva
dos vitrais e reposteiros
entre preces conspirada
no conluio
dos mosteiros.

A rosa de que preciso
não é a rosa-dos-ventos...
Quero a rosa irresoluta
biruta
dos cata-ventos...

A rosa de que preciso
vem de abismos e desertos
como a palavra perdida
reencontrada
em meus afetos.

Às vezes mais que loucura!
Às vezes mais que razão...
A rosa de que preciso
é amor
mais que paixão...

A. Estebanez

'Amor virtual'



Tens a voz de anjo,
miragem sem face,
chega tão doce
e permanece...
Em meus pensamentos,
és sedutor,
paixão e delírio,
complemento do amor.
Silencioso e sutil,
diz coisas lindas,
de um modo gentil,
sem rodeios,
me paquera e
me encanta...
Afaga os meus
sentidos quando
minha estima levanta.
Quem és tu, afinal?
Chega assim ,
como vendaval...
E mesmo sem tocar
a minha pele,
faz com que eu espere,
o tempo que for preciso...
Sensível...
Sem juízo...
Só para mais uma vez,
ouvir o teu riso,
mesmo sendo ele virtual.

(Valquíria Cordeiro)
26/11/2008

'A MENSAGEM'



Desliza um pingo de chuva
na folha do pessegueiro...
Na maré do olhar vazante
o horizonte mensageiro...
Descendo a encosta do monte
o cavalo e o cavaleiro.

Um arcanjo a toda a brida
ou um raio perdigueiro...
Rumor de brisa nas águas
o cavalo e o cavaleiro...
O vento em plena algazarra
liberto do cativeiro.

Escorrem pela planície
o cavalo e o cavaleiro
transpondo portal adentro
soergue o punhal guerreiro...
Serpentes relampejando
nos olhos do cavaleiro...

Desliza um pingo de sangue
na folha do pessegueiro...
Na maré do olhar vazante
o horizonte traiçoeiro...
E a noite devora o monte
o cavalo e o cavaleiro...


Afonso Estebanez
(Poema dedicado ao gênio de
Wanderley Stael Paris Jr)

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

‘Canção com harpa dentro’


(Gustav Klimt)


Tenho tanta carga
no olhar sem fronteira,
que já me despeço:
pombo, das roseiras.
Mas ganhei cobiça
quando, amor, sorriste.
Não secaram águas,
nenhum sino ouviu-se.
Grilo, não te cales,
besouros da fala,
chama pelos ares
que a manhã escala.
Cessem como as larvas,
velas, remos, harpas.
Este amor, Amada,
move-me de nadas.
Este amor tão grande
não tem mais palavras.

Carlos Nejar
In ‘Canções’ (2007)


Anos Dourados - Caetano & Chico


Anos Dourados - Chico Buarque & Tom Jobim
(excerto)
...
Não sei se eu ainda
Te esqueço de fato
No nosso retrato
Pareço tão linda
Te ligo ofegante
E digo confusões no gravador
E desconcertante
Rever o grande amor
Meus olhos molhados
Insanos, dezembros
Mas quando me lembro
São anos dourados
Ainda te quero
Bolero, nossos versos são banais
Mas como eu espero
Teus beijos nunca mais
Teus beijos nunca mais...


Para matar a saudade
- Wave - Tom Jobim & Toquinho, Instrumental

Aba da Serra II




Esse cantinho abandonado já teve vida,
e vida abundante!
O gado pastava nos capinzais
e o algodão brilhava sob o sol inclemente.
Era uma linda vista para a nossa calçada.
Posso ainda ouvir o silvar do vento,
sentir o cheiro do mato... e até ver,
com olhos do passado, a nossa vida.
A gente fantasiava em cima da realidade
e era como se fosse um céu na Terra.
Nosso pé de cajarana “morria”,
mas nascia de novo na floração.
E para nosso encanto,
vestido de verde com florzinhas claras.
Um primor! Um esplendor de Deus.
Ali fomos muito felizes.
Alguns já não existem...
Nem o pé de cajarana, nem o plantio do algodão,
nem o gado pastando... e nem a alegria.
Só a Saudade!

Regina Helena

'Lua Nua'



Varando o escuro da noite
Ela deita sobre a terra
O leitoso olhar
Hipnótica claridade
Noturnas sombras de luar

Lua! Redonda e magnífica!
Qual celeste matrona
Gorda e pálida
Despudoradamente revelando
Entre negras rendas
A alva e luminosa pele

Bela e branca
Absolutamente crua!
Indecentemente nua!
Esplendidamente...lua!

Lenise Marques

'Sou uma águia!'



Tornei-me águia
Sobrevivendo nas altas montanhas
Mergulhei em minha plenitude
E renovei-me na dor.
Em cada vôo
Busquei em mim mesma
Domar ciclones internos
Lançando-me ao vento dos sonhos
Potencializando meu sentir.
E nessa viagem sem pouso,
Atravesso os céus
Ultrapasso barreiras
Desafio abismos
Encontro a paz!


Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 25/11/2008
Código do Texto: T1302251

'Mãos jogadas'



Frias mãos de tudo inválidas,
as mãos da dor,
as mãos do amor,
as mãos de nada.

Cortei-as em mim, inda sendo tuas,
porque assim me pediu o tempo
e eu as achei na rua,
abandonadas e nuas...
como mãos de ninguém.

Resta abraçar-me sem elas
e quando teu olhar achar o meu,
na alma nascerá outra aquarela
pintada por esse outro amor nosso.

Frias mãos assim também essas minhas,
secas desses abraços,
cheias de agonias,
como um desfestejado abraço entre nós dois,
um que amou,
outro que ficou,
algo dos dois que se foi!


Paulino Vergetti Neto
Publicado no Recanto das Letras em 26/11/2008
Código do Texto: 1303812

terça-feira, 25 de novembro de 2008




Abertura do show de Altemar Dutra, onde ele apresenta breves trechos de:
-Tudo de Mim
-Serenata da Chuva
-Que Queres Tu de Mim
-Brigas


Miltino em cena do filme "O vendedor de Linguiças", de G. M. Laurelli e estrelado pelo comediante Mazzaropi em 1960, cantando "O Poema do Adeus" de Luiz Antônio


Vê,
Olha bem nos meus olhos...
eles refletem alegria,
serenidade, brilho, paz, vida, amor...

Vê,
bem no fundo deles a minh’alma.
O que você deixou, o que ficou:
- O medo, a solidão, a dor...

Vê,
- O enganoso brilho, a alegria falsa,
a paz fingida... a morte em vida.
Isso, só você consegue ver,
pois foi você quem os matou!

Regina Helena

'PERCURSO DE AMOR'



Meus olhos
são praias rasas
de um profundo
mar de amor
que derrama
suas mágoas
no rumor vasto
das águas
na areia e morre
sem dor...

Dos teus navios
de sonhos
sou mais
que o navegador.
Meus olhos
são escotilhas
entreabertas
para as ilhas
do teu percurso
de amor...


Afonso Estebanez
(Poema dedicado à atriz e poetisa
Deborah Schcolnic)

'Deixe Florir Os Passos'


(Willem Haenraets)

Labirinto
Pegadas
Desencontradas
No caminho
Procure a saída
No seu interior
Abra às gavetas
Jogue no passado
Os velhos guardados
Aqueles que perderam o perfume
E todas as flores murchas do acaso
Abra a janela dos versos
E os passos da poesia seguirão
No rumo certo do amanhecer

Elisa Cesar

'E a Moça... '


(Isabel Filipe)

Folhas secas
Caídas ao entardecer
Final de destino
Vazias do verde
A esperança se foi
A terra leva suas lembranças
O amanhecer se faz passado
Os versos estão nos galhos
Das árvores
Quando se davam em abraços
Agora a poesia carrega solidão
No quebrar das folhas pelo chão
E a moça triste
Sente pulsar devagar
Seu coração.

Elisa Cesar

'Companheiros'


(Willem Haenraets)

Somos parceiros da luz
Sentindo os efeitos
Entre a dor e o prazer
Horas e minutos
Passam devagar
Somos um poço de sensibilidade
Buscando-nos
Entre sorrisos no dia a dia
Nos anos que virão
Junto seguirá sua vida
Com a minha
E como companheiros
Viveremos para todo o sempre
Até a eternidade.


Kátia Claudino Caetano Pereira

'A Dança da Espera!'


(Willem Haenraets)

Esperei por ti
Através das distancias estrelares
Ao nascer de cada dia,
Na suavidade dos córregos.
Fui areia de uma praia perdida
Que esperou teu beijo
Nas inconstantes marés
Te esperei no vento viajante
Pra ser levada pelos campos
Na dança do amor.
Nossas almas em sintonia,
Apuraram os sentidos
Rodopiando numa dança de sensações
E comungaram da mesma ribalta
Seduzindo o Universo
Iluminando a solidão!

Conceição Bentes
Publicado no Recanto das Letras em 25/11/2008
Código do Texto: T1301939

'Conversão'


(Willem Haenraets )

O que amo,
de
samo.
O que sangra,
es
tanca.
O que faz sofrer,
ali
via.
O que desamo,amo.
Estancando o sangue
E aliviando o sofrimento
Desvivo e vivo!

(Meu “não” está vivo no meu “sim”)

Sandra Almeida

Afogando Estrêlas


(Willem Haenraets)

Vamos à praia catar as conchas
que o mar indolente jogou na areia...
vamos à mata
caçar borboletas
com a rede que usamos
pra aprisionar
todos os os sonhos soltos no ar!!!
vamos ao mar
enfrentar as ondas,
brincar de espuma,
fingir de sereia
e afogar as estrelas,
que encantadas

vieram nadar...


Mariza Alencastro
(Luna)

'Você Ao Meu Lado'


(Tela deWillem Haenraets)

A frente o vasto horizonte
Olhando o amplo infinito
Sem pressa, mas com passos largos
Caminho sem limites
Sem obstáculos à frente
Não quero o fim da jornada
Nem marca de chegada
Quero o caminho em cada pegada
A amplidão como meta conquistada
No dia a dia, passo a passo

Estou a caminho
Olhando o vasto horizonte
Sem retorno e sem vacilo
Se, e apenas se,
Olhar pro lado e encontrar você


Flor ♥

'Sair de mim...'



Hoje estou saindo de mim...
Hoje me permito ousar.
Quero suave brisa acariciando meus cabelos
Levando meu perfume no ar...

Hoje quero exaltar minha liberdade de momento...
Momento este que ficará eternizado na memória para
Quando a solidão vier atormentar...

Hoje estou saindo de mim...
Nada sei... nada quero saber
Apenas sou eu inclusa na sensação rara
De contentamento...

Não quero ser eu hoje...


Cida Luz

"Meus Dias"



No dia em que a Felicidade bater
À porta da frente de minhas constâncias
Eu já não estarei mais dentro:
Terei saído de mudança
Pela porta dos fundos.

Mas Ela encontrará tudo arranjado:
O chão limpo e encerado,
A louça lavada e guardada,
As camas perfumadas e estendidas,
As coisas alinhadas e sem pó,
A alma livre e serenada.

Esquecerei então que um dia fui
Pedra selvagem e estrela cadente,
Carvão e diamante,
Esterco e pétala,
Corcunda e asas.

Serei uma gota de orvalho cristalizada
Que o destino quis como pingente
Adornando a garganta da eternidade.

Oswaldo Antônio Begiato

'Anuncio para solitários'



Procura-se um amigo sozinho
de andar discreto e gesto silencioso.
Procura-se desesperadamente um amigo
que saiba se aproximar
de um passarinho.

Rita Apoena

'Partiu...'



Não há tristeza...
Não há amargura...
O amor foi intenso
Em sua passagem
Por nossas vidas...

Enfim partiu...
E deixou somente
Essa doce saudade
Eternizada em nós...

Cida Luz
15/09/08

'Se houve amor...'



Se houve amor, o coração
Não quis saber qual era...
Somente amou sem
Reservas.

Não quis saber em qual
Momento ficaria
A desilusão...

Na alegria de se sentir
Vivo, deixou o amor jorrar
Felicidade,
Inundando de paz a vida...

Se houve amor, o coração
Só quis ter o direito de amar...

Cida Luz
22/09/08

'Olhar Embriagador'


(Mona Lisa-Leonardo Da Vinci)

Antes que me embriague
Com tua beleza sem par
Deixe ao menos me guiar
Pela pureza do teu olhar

A cerveja que espuma
Não me leva ao deleite
dos teus olhos o negrume
Parece-me o maior enfeite

Assim vou esquecendo
O que antes aconteceu
E vendo que o paraíso é meu

Por isso não esquento
Já que nem tudo morreu
E que o Céu não é só teu

Tarciso Coelho

'ROCHEDO!'



Ergo-me diante do mar
Solitário...
Com minhas asas de pedra,
Desafiando as ondas
Que procuram caminhos,
Debatendo-se sobre mim.
OCEANO!
Espalho-me imenso,
Profundo...
Carrego em minhas ondas
Naus e seus guardiões!
Beijo ilhas e praias macias...
Escalo rochedos e escarpas
E, imerso, abraço continentes!...

Conceição Bentes
&
Elïscha Dewes

'Miragem!'



Nunca serei heroína
Minhas esperanças matei
Desisti de minhas lutas
Pelo amor que não consagrei
Cruzei os braços
Na esperança de mudar
O Tempo passou
E me ultrapassou
Restou apenas uma tênue luz
Iluminando minha voz
Animando a coragem
Que nunca passou
De uma miragem!


Conceição Bentes
(03/11/08)

'Poema das tuas lágrimas'



O teu sorriso farto me anima,
me encanta... e me atormenta...
Lembra-me que um dia, eu te fiz chorar.
Querias invadir o meu interior,
e eu, no meu egoísmo,
fechava espaços, ocultava emoções.
Até que vi brilhar em tua face
uma reticente lágrima... E eu vi, em ti,
que um homem chora!
Jamais esqueci, e se eu pudesse,
voltaria no tempo...
Pra dizer mil vezes que te amo,
que és tudo para mim...
O meu Céu, minha esperança,
o meu amor, a minha vida!
E te deixaria conhecer o meu íntimo
e saquear a minha alma...
Pra nunca ter te visto chorar...
Mas... Essa não seria eu!
E, sendo eu outra pessoa, tu me amarias?
Ou, eu te amaria sendo eu outra pessoa?
Talvez não, e então...
Tu não terias chorado...
E eu, teria perdido o teu amor...

Regina Helena

'Um pouco de ti...'



Nada sei de ti, nunca te vi,
nem ouvi tua voz.
Imagino teu hálito de mate e vinho,
tua exuberante alegria
se opondo à quietude da tua vida.
E, em matizes contrastantes,
ora menina que sonha,
ora mulher que chora,
tens alma etérea, fugidia...
Como o vento!
E coração ardente e forte...
Como o Sol!
Linda imagem de Senhora,
de infinitos silêncios...
E infinita sabedoria!

Regina Helena
Para minha amiga, Maria Madalena.

'Espectro de Mim'



Como nau perdida na noite,
sem destino, sem horizontes...
Assim eu sou:
- Espectro do que fui.
Apenas um vulto,
cara a cara com a solidão.
Sem rumo, sem certezas,
sem perspectivas...
Sem você.
Uma sentença em aberto...
Sem ponto final!

Regina Helena

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

'Pai'




Ah, meu pai...
O Senhor nos deu todas as alegrias
e também a maior de todas as tristezas:
- A despedida...
Foi como se tudo sumisse
e o chão faltasse aos nossos pés...
Vimos o calar do nosso canto,
na tristeza da nossa voz;
os motivos pra viver se anularem
e a vida que nos sorria,
perder todo o sentido...
Até que a dor calou,
dando lugar à riqueza que nos deixou:
- O otimismo, o amor, a esperança...
Suas palavras sábias nos guiaram,
nos mostraram as oportunidades
e o caminho da retidão.
A vida continuou sem você,
mas cheia do seu amor...
E da sua saudade...

Regina Helena
Ceará



Trio Irakitan, o mais belo conjnto de vozes do Brasil, canta 'Maldito' , formatado por Regina Helena.

'Um canto de solidão'




Dentro de mim há um canto de saudade
que teima em invadir meu coração.
Ainda que o mundo inteiro
esteja ao meu redor, ele está comigo.
Tento fingir que não o ouço
e o calar me assusta,
pois o que me sustentará se a saudade se for?
Insensato coração
que aceita a loucura dessa dor.
Sinto um grito que não ouço
quando meu corpo me pede paz
e ouço o canto do silêncio
que fala mais alto e teima em estar comigo
em forma de saudade.
Noites insones, medo, lembranças...
Essa é a angústia desesperada do meu ser:
- O abandono dos que se perdem
para nunca mais se encontrar.

Regina Helena
Cerá

'Rainha...'



Porte altivo, de rainha
e olhar confuso...
Como ave que perdeu seu ninho,
te sentes sem direção.
Pensamentos vagos,
idéias dispersas...
Queres de volta o teu mundo,
mas olhas à tua volta,
e tudo te parece estranho...
E vem a agonia por silenciar
a busca de respostas para o presente.
Vives rodeada de olhos atentos,
e cuidados exclusivos...
Mas, querias mesmo, era tua realidade...
O poder de decisão...
O tempo foi generoso contigo,
te dando de volta a liberdade...
E asas para livre voar,
no lindo céu azul, da tua imaginação...

Gloria Dantas
Ceará

'VIDA'



Morte não rima com vida,
como luz não rima com trevas...
e nem andam juntas!...
São extremos que jamais se tocam,
embora se atraiam!
Não dá pra viver os dois.
Ou se morre... ou se vive!
O “morrer”, é certo!
O “viver”, é opção!
Quem vive pode buscar a morte,
quem morre, não tem como buscar a vida!
Então, espera... não busca o fim,
ele virá por si só, queiras ou não!
Escolhe, pois, a VIDA!

Regina Helena
Ceará